Animais

Publicado: Quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Cães e gatos: eutanásia, amor e outras histórias

Entenda as várias faces desta polêmica e faça a sua parte!

Crédito: Arquivo CCZ de Itu Cães e gatos: eutanásia, amor e outras histórias
Cão tratado em Itu poderia ter sido sacrificado em outro CCZ

por Deborah Dubner

Há milhares de pessoas que amam os animais. A cada ano no Brasil são criadas novas ONGs e associações para protegê-los, criá-los e, no caso de cães e gatos, tirá-los das ruas. Mas os desafios são muitos. Como dar conta de todas essas vidas? O que fazer em casos de doenças graves? Qual o limite de respeito pela vida em sofrimento? Como cuidar dos bichanos em condições precárias, com alta demanda e poucos recursos?

Esta reportagem trata de um assunto delicado e controverso: a eutanásia para cães e gatos. Um problema que é também de utilidade pública, na medida em que a prática da eutanásia existe não apenas em função de doenças, mas também pelo excesso de cães e gatos sem lar. No passado, matavam-se os cães das formas mais cruéis - da câmara de gás ao eletrochoque. O procedimento hoje é padronizado no Estado de São Paulo, para não causar sofrimento ao animal. Antes de tudo, o cachorro é sedado. Depois, recebe uma overdose de anestesia injetável, o que provoca uma parada cardíaca e respiratória.

Para a alegria dos amantes de animais, esse assunto virou lei estadual em abril deste ano, proibindo a eutanásia pelos órgãos de controle de zoonoses, canis públicos e estabelecimentos oficiais congêneres. De acordo com a lei, só poderão ser sacrificados cães prestes a morrer, sem chances de cura, se houver a concordância de dois veterinários - um do CCZ e o outro de alguma entidade de defesa dos animais. Os cães saudáveis, mesmo os que não são adotados, não podem ser sacrificados. 

Anteriormente à lei estadual, cada cidade tinha as suas regras. Agora, os municípios do Estado de São Paulo estão sendo incentivados a instituir políticas públicas corretas para os animais, como castração, identificação e conscientização da população. É o caso de Itu e região, que regularmente promove Feiras de Adoção e Posse Responsável

Canis abarrotados: um sério problema
 
A nova lei estadual protege o sacrifício desnecessário, o que é de fato uma grande conquista. No entanto, o problema de superpopulação de cães aumenta. O problema que se coloca é que os CCZ normalmente não conseguem dar conta da enorme quantidade de animais sem lar. Um claro problema de saúde pública que afeta os bichanos, as pessoas e todas as cidades.
 
O Centro de Controle de Zoonoses de Itu recolhe e/ou recebe cerca de 100 animais por mês. A afirmação é do veterinário Sergio Castanheira, que tem dedicado a sua profissão para cuidar de animais carentes. Durante mais de três anos como coordenador no CCZ de Itu, Sérgio desenvolveu vários programas, como o controle de natalidade através de cirurgia de castração, programa de atendimento para donos de baixa renda, Posse Responsável e o programa de Cão de Comunidade. Castanheira afastou-se recentemente para candidatar-se a vereador, pois acredita que pelo caminho político é mais fácil alcançar o propósito de ajudar e proteger os animais.
 
“Em cada Zoonoses, a decisão de encaminhamento depende do responsável pelo departamento. Hoje existe a Lei Estadual sancionada pelo José Serra, que proíbe todo CCZ de sacrificar animais sadios. Mas isso eu já adotava desde que assumi o CCZ, independente da lei”, conta Sérgio. “As fotos que eu enviei são de animais que em outro CCZ seriam sacrificados. Mas nós operamos para dar-lhes chance de vida e eles sobreviveram!”, declara.
 
Em Itu, dos 100 novos animais que chegam ao CCZ a cada mês, cerca de 60 são doados com muito esforço. “Mas quando não são doados eles vão ficando, causando superpopulação. Isso é muito ruim, pois podem adoecer, ficar estressados, etc. É muito importante a população ajudar, levando sua cadela ou gata para castrar e tendo a posse responsável”, alerta Castanheira.
 
Há também em Itu uma Associação de Socorro e Proteção aos Animais, criada por puro idealismo e amor aos animais. A fundadora, Thereza Gollitsch Daunt, cuida atualmente de 190 cães, que são recolhidos nas ruas e levados para cuidados especiais em sua chácara. Embora existam ajudas individuais de pessoas que se mobilizam com a causa, e a prefeitura também auxilie com ajuda financeira (que cobre boa parte dos custos com ração), muito ainda é custeado pela proprietária. “Eu tenho um veterinário contratado que me auxilia em tudo (curativos, controle de vermífogos, etc). Os remédios eu também compro, apesar de receber amostras de alguns médicos, mas não são suficientes”, conta Thereza. Saiba mais sobre esta Associação.
 
Conscientização, castração e controle
 
“O mais importante é educar as pessoas para que adotem animais de rua, mas não desistam depois, pois infelizmente isso acontece com freqüência em Itu. Existe um projeto em andamento, que “chipa” os cães, assim eles podem ser acompanhados após a adoção, o que ajudaria muito o controle do CCZ”, explica Alexandre Zanetti, que trabalha com obediência e Agility para cães e apóia muitos programas do Zoonoses de Itu.
 
A médica veterinária Zaida Hellmeister também aposta no trabalho social de conscientização e sugere cadastramento dos animais da população da periferia, que não tem condição de pagar cirurgia de castração e tratamentos. “A castração é uma opção muito imp
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