Cultura

Publicado: Quarta-feira, 21 de julho de 2010

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

A pesquisa envolve ex-funcionários e colaboradores do site.

Pergunte a algum jornalista que ama o que faz qual foi a matéria que mais marcou sua vida e você verá que a resposta não é tão fácil. Afinal, cada reportagem tem o seu quê de charme e aprendizado. Mesmo assim, falamos com dez profissionais que muito colaboraram ou ainda colaboram com as reportagens do itu.com.br e pedimos que cada um escolhesse uma. E esse foi o resultado:

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

As sagas de famílias que vieram pra Itu

Por Deborah Dubner, diretora do itu.com.br

"Jornalismo é encontro, nada mais do que isso. E como tive que escolher (tarefa difícil), resolvi ficar com a série das famílias: A saga da Família Maeda, da Familia Katahira e da Família Almeida Prado, que me trouxeram um sentimento de pertencimento, por registrar a vida de seres humanos na jornada do herói. Tive o prazer de ouvir histórias de vida carregadas de emoção, coragem e determinação. Li, ouvi e senti inúmeras passagens de amor e dor, diante do grande desafio que é a vida. A minha gratidão é infinita a essas pessoas que abriram as portas de sua casa e do seu coração para me contar com tanta humildade sobre tanta grandeza.

Senti muito gratidão pelo fato das pessoas confiarem sua própria história em minhas mãos, o que me trouxe a exata noção da responsabilidade de traduzir qualquer sentença com retidão e respeito. Quando escrevemos sobre alguém, somos os donos da história. Mas a história não é nossa, e é importante não nos esquecermos disso. Somos mensageiros apenas. Não temos o direito de mudar a história em benefício próprio, ou mesmo por descuido. Temos o poder de fazer isso, mas não o direito. Na invisibilidade da ternura que senti, procurei traduzir essas histórias, como um legado imaterial para a própria família".

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

Cerca de 5 mil pessoas participam da 44ª Romaria de Itu a Pirapora

Por Leandro Sarubo, jornalista do itu.com.br

“Eu tenho uma relação muito particular com a religião. Sou batizado, crismado, mas não sou exatamente o católico praticante. Eu sou meio niilista e isto acabou se estendendo a diversas esferas, a religiosa entre elas.

Ao mesmo tempo que tenho posições ideológicas definidas, sou flexível e jamais me negaria a cobrir um evento ou entrevistar uma pessoa por conta de suas escolhas, sejam elas de ordem política ou cultural.

A 44ª Romaria, que cobri no começo de julho, teve uma série de elementos especiais. Não necessariamente uma boa notícia envolve o uso de personagens, mas esta, em si, contou com uma senhora muito querida, cuja história de vida lembrou a de minha avó, a Dona Maria, que faleceu em 2006 após meses de profunda angústia em hospitais e no quarto de sua casa, onde já não tinha lucidez. A ‘avó’ Maria que encontrei na Romaria tinha o mesmo aspecto frágil, a mesma humildade, as mesmas intenções generosas com o próximo e uma filha doente, assim como a minha avó. Se eu notei que no evento, muito bem organizado, havia pessoas que bebiam e ouviam sertanejo universitário a gritados decibéis, vi que as figuras divinas ainda conspiravam positivamente, independentemente do que se vê por aí em egos e confrontos.

Muitos interpretariam esta passagem que tive como um chamado para abraçar a Igreja e voltar às ‘origens’. Isso não existe. E não me importa. O que me tocou foi saber que existem ainda pessoas de coração puro e magnânime”. Confira a matéria.

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

Rodeio: diversão ou maus tratos aos animais?

Por Jéssica Ferrari, jornalista do itu.com.br

“Escrever sobre animais me contagia! Meu amor por eles veio desde criança, quando aprendi o valor da amizade de um pet e o quanto eles podem sofrer por nossa culpa. Com o tempo entendi como o mundo é rico em espécies, também como funciona a natureza e o olhar de muitos humanos para os bichos em si. Assim, ao escrever qualquer notícia sobre esse seres vivos, me sinto muito bem, pois sei que posso, através de palavras, ajudar as pessoas a entenderem que os animais possuem direito à vida, e que devem ser respeitados por nós humanos. O universo do rodeio é muito polêmico e tem como sua base de “lazer” os bichos, o que entendo como um erro, uma injustiça para com os animais, já que possuímos maneiras mais humanas de nos divertir. As pessoas precisam se lembrar que enquanto elas sorriem, o bicho ali pula de dor e não de alegria, e por isso ao escrever essa matéria procurei demonstrar os dois lados que essa festa possui”. Confira a matéria.

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

Inocência roubada: a triste realidade do abuso sexual

Por Guilherme Martins, jornalista do itu.com.br

“Sem dúvida essa foi uma matéria que mexeu muito comigo. O assunto abordado nela reflete um problema muito sério na nossa sociedade e os números assustam. Ao ver relatos de pessoas que  sofreram abusos, nota-se que a maioria ocorre dentro de casa, com os próprios familiares sendo os agressores. Foi interessante traçar o perfil dos abusadores através de pesquisas de psicólogos e me aprofundar nas informações acerca desse tema. Obviamente algumas das histórias que ouvi não puderam ser publicadas, mas ainda assim acho de extrema relevância que assuntos delicados como este sejam expostos na sociedade”. Confira a matéria.

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

Arte: a busca pelo espaço no cenário independente

Por Renan Pereira, jornalista do itu.com.br

"Para ser sincero, não acho que exista uma reportagem específica a ser destacada - já que, para mim, cada matéria na vida de um repórter representa um obstáculo diferente e mundo de novas informações. Porém, levando em conta alguns critérios decidi escolher essa por dois motivos básicos: primeiro por se tratar da minha primeira reportagem para o Itu.com.br. Segundo por retratar um tema que representa a voz crítica dessa cidade, onde as autoridades parecem se importar muito pouco com a opinião daqueles que os elegeram.  

Na ocasião, entrevistei vários artistas da região de diferentes vertentes do processo de criação artística, demonstrando como o ponto de vista crítico destas pessoas se assemelhava. No entanto, o objetivo principal da reportagem (e acho que devia ser sempre assim no jornalismo) era abordar o tema de uma forma imparcial, ouvindo pessoas que estivessem de lados diferentes dos muros. E foi o que eu fiz: fui até a secretaria para conversar com o secretário de cultura Álvaro Stella, que fez questão de rebater cada uma das críticas evocadas pelos artistas independentes da região.  

Afinal, acredito que a profissão do jornalista consiste nisso. Não somos juízes, mas estamos a todo instante em cima do muro ouvindo gritos de ambos os lados e temos que estar atentos para não deixar que o grito mais belo nos encante e tome conta do nosso lado emocional no ato da escrita. É claro que isso é difícil e, nem sempre, possível. Porém, jornalismo que restringe ou nega direito de resposta não é jornalismo: é mera 'política' trajada de imprensa!". Confira a matéria.

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

13 de dezembro – Dia dos Cegos

Por Camila Bertolazzi, foi editora do itu.com.br

“O jornalismo trouxe mais vida à minha vida! Durante quatro anos de Itu.com.br, e mais de oitenta reportagens publicadas, aprendi que toda boa história precisa ser contada e é essa nossa função. Apesar da velha lição de que todo jornalista precisa ser imparcial, é impossível deixar os sentimentos de lado e não se envolver com uma nova realidade que está sendo apresentada. Um dos trabalhos que mais me marcou foi quando conheci de perto o dia-a-dia de alguns deficientes visuais. A princípio, o primeiro contato foi chocante, mas aos poucos, percebi que eles conseguem transformar a escuridão em esperança”.

[Faça uma experiência: feche os olhos e, por alguns minutos, tente enxergar através dos cheiros, dos sons e das suas mãos]. Confira a matéria.

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

Por que alguns ituanos se tornaram escritores?

Por Felipe Fonseca, foi estagiário em jornalismo no itu.com.br durante um ano

"O Itu.com.br foi meu primeiro estágio. Me marcou profundamente porque me motivou a continuar sempre na área, a escrever mais... Hoje simboliza uma grande mudança na minha vida, pois foi nesta época em que conquistei minha independência. Trabalhando para o site, tive a oportunidade de conhecer pessoas interessantes, fotografar eventos culturais, me interessar por tecnologia etc. A reportagem sobre escritores ituanos me marcou em especial por conta da minha afinidade com a área literária e o gosto por conhecer um pouco mais sobre experiências de vida". Confira a matéria.

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

Viaje sem sair de casa!

Por Marília Monteiro, foi jornalista do Itu.com.br durante dez meses

"Adorei fazer essa matéria do Motor Home porque era algo diferente para mim, conheci bastante sobre esse estilo de vida e viagem. Fiquei até com vontade de ter um! Gosto de ver coisas que não conheço e me identificar, como aconteceu nessa matéria. O Itu.com.br me proporcionou várias vezes essa descoberta". Confira a matéria.

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

A chacrinha do Icek

Por Rodrigo Tomba, foi jornalista do itu.com.br

"Dez anos! Parece que ainda ontem eu lutava para entender como era possível publicar uma página na Internet. O primeiro layout do Itu.com.br eu nunca vou esquecer... e nem o segundo, o terceiro, o quarto... Guardo com muito carinho os ótimos momentos que passei no Itu.com.br. Me lembro do primeiro “boom” de acesso, nas eleições de 2000, quando atravessamos a madrugada acompanhando as apurações e fomos os primeiros a noticiar a lista completa dos eleitos. Acredito que foi neste dia que cravamos a marca Itu.com.br junto aos ituanos, estabelecendo a Internet e o portal como uma eficaz ferramenta de informação para a nossa cidade de Itu. Desde então nossos acessos só cresceram.

Fiz centenas de reportagens: política, eventos culturais, sociais, cinema, esporte. O ensaio fotográfico na cadeia municipal, publicado em 2003, me marcou bastante. Tanto pela ousadia de entrar nas celas junto com os detentos como pelas curiosidades que descobri e passei aos internautas, sem, é claro, deixar de relatar as péssimas condições em que aqueles homens viviam. Confira a matéria.

O voo que fiz de Trike, relatando a adrenalina deste esporte pouco difundido, também foi especial, não só pela grande aventura, mas por ter despertado em um antigo morador da cidade, leitor do portal e apaixonado pela Estrada Parque, o desejo de sobrevoar e fotografar seu local predileto. Desejo atendido !!

Poderia me estender muito por essas linhas, mas fecharei falando da matéria que mais me marcou nos anos de Itu.com.br: “A Chacrinha do Icek”. Produzi este material em 2001 e ele me marcou por dois motivos. O primeiro foi que esta reportagem me permitiu desenvolver um conceito de jornalismo na Internet que denominei webdocumentário. Esta ideia foi desenvolvida, levei para a universidade, transformei, com outros colegas, em uma monografia que foi publicada pela PUC-Campinas e por diversos especialistas em mídia on line.

O segundo motivo foi a própria reportagem em si. Quase dez anos depois de ter a escrito a situação é a mesma. Passei cerca de quatro tardes com os moradores daquela favela, conheci muitas pessoas e vi a descrença da vida em seus olhos. Não tenho dúvida que grande parte daqueles homens e mulheres continua ali, em meio ao lixo e aos ratos. São imagens de uma realidade que não podemos abandonar, pois são relatos como esses que podem tocar, quem sabe, no coração daqueles que seguram a caneta. 

Parabéns Itu.com.br pelos dez anos dedicados a Itu". Confira a matéria.

As 10 reportagens que mais marcaram 10 jornalistas do Itucombr

Ditadura no cinema em Itu

Por Salathiel de Souza, colaborador do itu.com.br há cinco anos

"Parece que foi ontem, mas faz cinco anos que colaboro com o Itu.com.br na escrita de crônicas e artigos. Nesse período, um dos trabalhos que mais gostei de fazer levou o título de "Ditadura no Cinema de Itu", publicada em julho de 2008.

Normalmente, um artigo é a opinião pessoal de alguém a respeito de um tema qualquer. Mas fiquei impressionado com a repercussão do texto, que foi reproduzido inclusive pela mídia impressa. Naquele contexto, creio que grande parte dos leitores identificou-se com a minha queixa.

A reclamação era sobre a falta de respeito com os frequentadores das salas de cinema de Itu, que não tinham a opção de assistir grandes lançamentos cinematográficos em versão legendada.

Tornou-se um dos meus artigos mais lidos e comentados até hoje. E gostoso foi perceber o quanto podemos estimular o debate e a reflexão a partir de um simples texto, estando em sintonia com os leitores". Confira a matéria.

Comentários