O jogo de xadrez na macroeconomia
Parece que o monstro da inflação acordou. O índice de inflação acelerou em janeiro. Já existe até uma preocupação declarada do Banco Central com o fato. O Ministro da Fazenda Guido Mantega declarou que o Banco Central vai intervir no câmbio se for necessário.
Alguns se queixam de que a política cambial está muito confusa. Uns acham que o dólar deve subir para ajudar o crescimento e outros que ele deve cair para debelar a inflação.
Adequar o compasso da economia de um país como o Brasil com a macroeconomia internacional na era da globalização é uma tarefa para gênios, pois envolve ações para assegurar o crescimento, controlar a inflação, reduzir importações e ampliar as exportações.
São tarefas como equilibrar a Política Fiscal, a Política Monetária e a Política Cambial. A primeira administra receitas e despesas do governo que afetam o consumo e o investimento total no país; a segunda estabelece as taxas de juros, a quantidade de dinheiro disponível no mercado e o volume disponível de crédito para a população; a terceira regula o valor da moeda nacional nas transações internacionais. Fácil? Isso é só o começo.
As Metas de Superavit, as Metas de Inflação e o Câmbio Flutuante são outro nó.
Num passado recente o governo trabalhava as Metas de Superavit, reservando parte de suas receitas para controlar o crescimento da dívida pública, agora o governo cortou impostos e acelerou gastos para estimular o consumo e o investimento. Como consequência, houve uma estagnação nas obras de infraestrutura e um aumento com as despesas de programas sociais.
Quanto as Metas de Inflação, o Banco Central fixava os juros necessários para que a inflação ficasse em 4,5% ao ano. Agora, os juros foram reduzidos para baratear os empréstimos e financiamentos. Isso criou um cenário de incertezas, em função da inadimplência e do cenário internacional desfavorável que limitam a expansão do crédito.
Já a Política Cambial, onde a taxa de câmbio variava livremente mantendo assim o equilíbrio entre a entrada e saída de dinheiro, recentemente o governo desvalorizou o real para baratear os produtos nacionais e impulsionar as exportações. Como consequência, os importados ficaram mais caros e o dólar ficou mais alto encarecendo a compra de matérias primas e equipamentos para a indústria.
O cenário que se apresenta neste tabuleiro de xadrez é o de alta de inflação, devido ao aumento dos gastos do governo, mais consumo, mais empregos e importados mais caros e também um cenário de queda de investimentos, em função da desconfiança do setor privado, à lentidão das obras públicas e também ao encarecimento dos importados.
Quanto a nós mortais comuns, vamos ficar atentos a próxima jogado do Ministro Mantega neste complicado tabuleiro e torcer para que ele acerte sempre.
Fonte principal: Jornal Folha de São Paulo, edição de 9 de fevereiro de 2013, caderno Mercado.