Opinião

Publicado: Quinta-feira, 15 de abril de 2010

Nathana Lacerda: "Por um pouco mais de objetividade"

Crédito: Arquivo pessoal Nathana Lacerda: "Por um pouco mais de objetividade"
"Quem é objetivo ganha. Tempo, credibilidade e atenção, no mínimo"

Neste ano, meu desafio como comunicadora é ser mais objetiva. Que me desculpem os amantes do estilo José de Alencar, mas eu quero “ser lida”, e por isso terei que aprender a contar romances em 140 caracteres (exageradamente falando), com a mesma destreza e profundidade do maravilhoso escritor.

Quem é objetivo ganha. Tempo, credibilidade e atenção, no mínimo. As pessoas que falam diretamente – sem arrogância – são mais bem compreendidas e conseguem alcançar objetivos simples com maior facilidade.

A “subjetividade das coisas” virou moda. Como se duvidassem da nossa percepção, empresas criam cada vez mais cargos “diferenciados” (ô palavrinha subjetiva) para denominar funções muito mais simples. O facilitador do núcleo de inteligência da comunicação estratégica não é nada menos de que o gerente de planejamento. O executivo de contas é um vendedor. O assistente de organização do ambiente empresarial é o auxiliar de limpeza ou faxineiro. E o psicopata, pasmem: virou portador de comportamento antissocial.

Agora, os funcionários devem ser chamados de colaboradores, os animais domésticos passaram a ser animais de companhia, negro é afro-descendente, deficiente é portador de necessidades especiais. Eu entendo plenamente que a ideia é mudar o significado dessas expressões, mas vamos combinar que muitas vezes é desnecessário?

Alguns pensam que ser complexo na utilização de palavras é sinônimo de inteligência e cultura. Vejo muitos – principalmente os políticos – utilizarem uma série de expressões completamente dispensáveis em uma única frase. As reuniões de empresa, então, são campeãs do “enrolation”. Muitas palavras, pouco conteúdo. Recebi um e-mail muito bem humorado que satiriza o comportamento dos profissionais e faço questão de compartilhar aqui:

COMO FALAR MUITO SEM DIZER NADA
A tabela abaixo permite a composição de 10.827 sentenças: basta combinar, em sequência, uma frase da primeira coluna, com uma da segunda, da terceira e da quarta (seguindo a mesma linha ou 'pulando' de uma linha para outra - mas respeitando: uma frase de cada coluna). O resultado sempre será uma sentença correta, mas sem nenhum conteúdo.

Experimente na próxima reunião e impressione o seu chefe!

EMBROMATION

Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4
Caros colegas, a execução deste projeto  nos obriga à análise  das nossas opções de desenvolvimento futuro.
Por outro lado, a complexidade dos estudos efetuados  cumpre um papel essencial na formulação  das nossas metas financeiras e administrativas.
Não podemos esquecer que a atual estrutura de organização  auxilia a preparação e a estruturação  das atitudes e das atribuições da diretoria.
Do mesmo modo, o novo modelo estrutural aqui preconizado  contribui para a correta determinação  das novas proposições.
A prática mostra que o desenvolvimento de formas distintas de atuação  assume importantes posições na definição  das opções básicas para o sucesso do programa.
Nunca é demais insistir que a constante divulgação das informações  facilita a definição  do nosso sistema de formação de quadros.
A experiência mostra que a consolidação das estruturas prejudica a percepção da importância  das condições apropriadas para os negócios.
É fundamental ressaltar que a análise dos diversos resultados  oferece uma boa oportunidade de verificação  dos índices pretendidos.
O incentivo ao avanço tecnológico, assim como o início do programa de formação de atitudes  acarreta um processo de reformulação  das formas de ação.
Assim mesmo, a expansão de nossa atividade  exige precisão e definição  dos conceitos de participação geral

Fonte: Grupo do Google "GE07 - Gestão e Empreendedorismo 2007"

A triste realidade é que nos identificamos com esta satirização porque ela traduz o que muitos de nós já vivemos. Pense nisso na hora de se comunicar com seus familiares, amigos, colegas de trabalho, autoridades, clientes, etc. Ser objetivo não é falar pouco, mas é transmitir a mensagem completa, com todas as informações fundamentais, de maneira coesa e coerente, sem excessos.

Quer mais? Um texto muito interessante que eu li sobre o assunto é do mestre em Ciências da Comunicação Reinaldo Polito, publicado no portal UOL (clique aqui para ler). Vale a pena ler, essas dicas podem ajudar muito, principalmente no setor profissional.

Nathana Lacerda é jornalista, diretora da Sigma Six Comunicação - empresa de assessoria de imprensa, comunicação empresarial e produção editorial de Itu -, com passagens por assessorias de imprensa como a Central de Fontes (São Paulo), Atitude Comunicação (São Paulo), Xclusive Press (Porto Feliz). Atua como coordenadora de jornalismo da Revista Suplementação (veiculação nacional) e editou veículos relacionados ao mercado pet e veterinário como as revistas Cães & Gatos e Pet World. Twitter: @nathlacerda, e-mail: [email protected].
 

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