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Publicado: Segunda-feira, 25 de junho de 2018

A cidade onde tudo é grande e sua relação com a Rússia

Em 2014, Itu foi a "casa" do país que hoje sedia a Copa do Mundo

Crédito: Arquivo/Itu.com.br A cidade onde tudo é grande e sua relação com a Rússia
Seleção russa treina no Novelli Júnior em Itu

A quarta reportagem produzida pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo (SELJ) na série #SPnaRussia conta a história da seleção dona da casa na Copa do Mundo de 2018 e sua história recente com o Estado de São Paulo, mais precisamente com a cidade de Itu. A delegação da Rússia escolheu o local onde tudo é grande como sua "casa" durante o Mundial de 2014, realizado no Brasil. Os atletas, comissão técnica e demais profissionais da seleção russa ficaram hospedados no San Raphael Country Hotel. Os ituanos receberam também a seleção do Japão durante o torneio.

Além de utilizarem a estrutura completa do hotel, os russos também interagiram com Itu durante a estada no município que é conhecido por símbolos como o orelhão e semáforo gigantes e o picolé de três cores, mas também por ser o "Berço da República". O local para treinamento foi o Estádio Novelli Júnior, casa do Ituano Futebol Clube, equipe que, justamente em 2014, ano da Copa no Brasil, foi campeão paulista desbancando o poderoso Santos na final.

Os russos visitaram também a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Itu, onde as crianças puderam ter, em seus álbuns da Copa do Mundo, autógrafos de muitos dos atletas que estavam nas figurinhas. Foi organizado também um treino aberto no Novelli Júnior, que lotou uma das arquibancadas no dia 10 de junho de 2014.

O coordenador geral do San Raphael Country Hotel, Everton Baptista, falou sobre o cotidiano dos hospedados e suas interações com a cidade antes e durante a Copa de 2014. "O comportamento dos russos foi impecável, todos amáveis com os funcionários, embora bastante concentrados para os jogos. Não houve nenhum pedido exorbitante quanto a reformas ou adaptações de nossas instalações, só mesmo um cuidado nosso quanto à alimentação junto a fornecedores, sempre em contato, claro, com os chefs da seleção", disse.

A alimentação, aliás, foi citada por Baptista como um dos pontos mais curiosos dos russos. "O que achei mais exótico foram as sopas e mingau de arroz todos os dias no café da manhã e jantar sempre com língua de boi, carneiro e coelho", citou o coordenador do hotel, que lembrou também que a delegação trouxe dois chefs: um russo e um italiano, já que o treinador da Rússia em 2014 foi Fabio Capello.

Superando a campanha ruim

Diferentemente do bom início de 2018 (até o momento, dois jogos, duas vitórias e uma derrota), a Seleção Russa teve uma campanha fraca na Copa de 2014. Foram dois empates e uma derrota, apenas dois pontos marcados e desclassificação logo na primeira fase em um grupo formado por Bélgica, Argélia, Coreia do Sul e a própria Rússia.

Vendo o desempenho ruim, o anfitrião Everton Baptista citou uma ideia, aprovada pelos hóspedes. "Era visível a tensão de todos com a campanha. Como temos alguns funcionários que dão aulas de capoeira para uma comunidade, preparamos uma apresentação. Todos ficaram encantados com a ação, desde os funcionários, passando pelos atletas, até o técnico", contou.

O Comitê Paulista

Além de preparar a estrutura viária e logística para receber jogos na Arena Corinthians (inclusive a abertura da Copa), o Governo do Estado de São Paulo criou, em 2011, o Comitê Paulista da Copa de 2014. O departamento tinha como uma de suas responsabilidades prospectar seleções para aclimatação, hospedagem e treinamento no Estado. Distância para aeroportos, qualidade de hotéis e de centros de treinamentos eram a trinca principal para escolha de cidades que seriam disponibilizadas pelo Comitê às equipes.

Entre as 32 seleções, 15 optaram por municípios paulistas. Um dos principais integrantes deste trabalho foi o coordenador do projeto de Centros de Treinamentos de Seleções em São Paulo, Renato Romanetto. Ele revela que a Rússia teve uma forte concorrente para se hospedar em Itu: ninguém menos que a Alemanha. "Durante as visitas, as duas delegações gostaram muito do local. Porém, com o sorteio dos grupos, os germânicos preferiram se hospedar na Bahia por conta da realização de muitas partidas nas regiões Norte e Nordeste. Por outro lado, os russos nos ligaram imediatamente para que pudéssemos concretizar a estada", disse.

Romanetto conta que também tentou "ajudar" a Rússia a mudar a trilha de maus resultados na Copa de 2014. "Comentamos junto aos representantes da delegação que o Ituano havia visitado a APAE da cidade naquele ano e, de quebra, vencido o tão disputado Campeonato Paulista. Eles gostaram muito da sugestão, visitaram o espaço e, mesmo com algum atraso, os resultados começaram a aparece agora no país deles", brincou.

Sobre o grande número de seleções que escolheram o Estado como "casa" durante o torneio, Romanetto atribui o fato a alguns fatores: "Temos aeroportos internacionais, hotéis com ótima estrutura e clubes de futebol com tudo o que é necessário para o treinamento. Com o apoio do Governo do Estado, nos antecipamos e trabalhamos para conseguir que as seleções viessem para cá, enquanto todos estavam focados nos estádios e jogos em si. Com isso, tínhamos uma meta de 8 equipes e conseguimos 15, praticamente a metade de todas as participantes", concluiu.

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