Colunistas

Publicado: Quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Crédito e Investimentos na Economia

 

As operações de crédito do sistema financeiro apresentaram, em setembro, expansão mais acentuada em relação à observada no mês anterior. A evolução assinalada, no entanto, foi influenciada, em grande parte, pelos efeitos da depreciação cambial nos estoques das modalidades lastreadas em moeda estrangeira, com ênfase para os financiamentos realizados pelo BNDES e para as operações de adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC). Nesse contexto, o estoque total de crédito do sistema financeiro, computadas as operações com recursos livres e direcionados, atingiu R$1.929 bilhões em setembro, registrando expansões de 2,1% no mês, 13,1% no ano e 19,6% em doze meses, ante variações respectivas de 1,8%, 10,8% e 19,4% em agosto. Em decorrência, a relação crédito/PIB passou a representar 48,4%, ante 47,8% no mês anterior e 45,4% em setembro de 2010.

Os financiamentos contratados com recursos direcionados somaram R$682,5 bilhões, revelando expansões de 2,9% no mês, 15,7% no ano e 23,6% em relação a setembro de 2010. As operações concedidas pelo BNDES alcançaram R$397,4 bilhões, com incrementos de 3,2%, 11,1% e 17,6% nas mesmas bases de comparação, destacando-se os empréstimos realizados sob a forma direta, que totalizaram R$196,9 bilhões, após acréscimo de 4,8% no mês. Os créditos destinados à habitação, que inclui recursos da poupança e do FGTS, mantiveram a trajetória de expansão, atingindo R$172,9 bilhões, registrando elevações respectivas de 2,3%, 31,6% e 45,3% nos períodos mencionados.

O saldo do crédito livre, que representou 64,6% da carteira total do sistema financeiro, alcançou R$1.247 bilhões em setembro, expandindo-se 1,7% no mês, 11,7% no ano e 17,4% em doze meses. O volume das operações contratadas por pessoas jurídicas somou R$624,9 bilhões, com aumento mensal de 2,4%. Esse desempenho foi condicionado, principalmente, pelas modalidades referenciadas em recursos externos, que evoluíram 7,9% no mês, totalizando R$63,3 bilhões, assim como pelas carteiras com recursos domésticos, saldo de R$561,6 bilhões e aumento de 1,8% no mês. Os empréstimos destinados a pessoas físicas somaram R$622 bilhões, registrando acréscimo mensal de 0,9%.

A participação relativa dos bancos públicos no total da carteira de crédito, traduzindo, sobretudo, a variação cambial nos saldos das operações referenciadas em captações externas, aumentou de 42,2% em agosto, para 42,5%. A representatividade das instituições privadas nacionais declinou 0,4 p.p., situando-se em 40,2%, enquanto a relativa aos bancos estrangeiros atingiu 17,3%, ante 17,2% no mês anterior.

O estoque de empréstimos e financiamentos destinados ao setor privado, considerados os recursos livres e direcionados, atingiu R$1.855 bilhões em setembro, com elevação de 2% no mês. Em termos setoriais, os recursos alocados na indústria cresceram 2,6% no mês, ao totalizar R$401,9 bilhões, assinalando-se as contratações dos ramos de siderurgia, agronegócios, energia e transportes. Os créditos destinados ao segmento outros serviços, favorecidos pela demanda dos setores rodoviário, aeronáutico, distribuição de energia e atividades vinculadas à consultoria, evoluíram 2,6% no mês, com saldo de R$330 bilhões. O volume de crédito bancário contratado pelo setor comercial alcançou R$197 bilhões, com expansão mensal de 2,3%, refletindo as contratações dos ramos relacionados a extração mineral, agronegócios, produtos farmacêuticos e utensílios eletroeletrônicos.

As operações de crédito destinadas ao setor habitacional, computadas as operações para aquisição e construção de moradias, totalizaram R$184,7 bilhões, com incrementos de 2,2% no mês, 33,1% no ano e 47,3% em doze meses. Com o aumento da demanda, o volume do crédito habitacional passou a representar 4,6% do PIB, ante 3,5% em setembro do ano anterior. Os financiamentos contratados com o setor rural, influenciados pela procura das modalidades de custeio e investimento agrícolas referentes à safra 2011/2012, aumentaram 2,5% em setembro, com o saldo atingindo R$134,9 bilhões.

Os financiamentos direcionados ao setor público alcançaram R$74,3 bilhões em setembro, demonstrando expansão de 5,8% no mês. Essa evolução, traduzindo o efeito contábil da depreciação cambial nos saldos relativos a empresas de petróleo e gás, foi impulsionada pelo crescimento de 9,5% da dívida bancária do governo federal, cujo volume situou-se em R$37,8 bilhões. As operações destinadas aos estados e municípios somaram R$36,5 bilhões, com evolução mensal de 2,2%, destacando-se as concessões para infraestrutura urbana e energia.

A balanço de pagamentos registrou superávit de US$808 milhões em setembro. As transações correntes apresentaram déficit de US$2,2 bilhões no mês e de US$48 bilhões nos últimos 12 meses, equivalentes a 2,05% do PIB. No mês, a balança comercial foi superavitária em US$3,1 bilhões. A conta financeira registrou ingressos líquidos de US$2,9 bilhões. Destacaram-se os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros diretos, US$6,3 bilhões, e de empréstimos de longo prazo, US$2 bilhões, bem como as amortizações líquidas de empréstimos de curto prazo, US$2,4 bilhões.

A conta de serviços registrou déficit de US$3,1 bilhões no mês, diminuição de 5,1% frente ao registrado em igual período de 2010. As despesas líquidas com viagens internacionais totalizaram US$1,3 bilhão, com elevações de 12,4% nos gastos de brasileiros no exterior e de 14,6% nos gastos de estrangeiros no País. As despesas líquidas com transportes, US$753 milhões, apresentaram crescimento de 11,9%, enquanto os gastos líquidos com aluguel de equipamentos, US$1,4 bilhão, aumentaram 2,8%, na mesma base de comparação.

As remessas líquidas de renda para o exterior somaram US$2,4 bilhões, 20,7% acima do resultado de setembro de 2010. As remessas líquidas de renda de investimento direto, incluindo lucros e dividendos, atingiram US$1,7 bilhão, elevação de 23,8%. As remessas líquidas de renda de investimentos em carteira totalizaram US$491 milhões, crescimento de 6,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Houve elevação de 39,4% nas remessas líquidas de renda de outros investimentos, que totalizaram US$338 milhões. As remessas líquidas de lucros e dividendos atingiram US$2 bilhões no mês, crescimento de 20,5% ante mesmo período de 2010.

As transferências unilaterais correntes acumularam ingressos

Comentários