Opinião

Publicado: Quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pedro A Ynterian: Chimpanzés escravos: "Amor ao dinheiro?"

Crédito: Arquivo Pessoal Pedro A Ynterian: Chimpanzés escravos: "Amor ao dinheiro?"
Pedro A Ynterian luta para que os primatas possam viver com dignidade

Na foto ao lado uma senhora, a “dona do Jimmy”, ensaia um selinho no chimpanzé para consumo da imprensa, como demonstração do “amor” que sente por ele. Porém, é um amor estranho. Jimmy vive trancafiado em uma gaiola de zoológico anos a fio, isolado e a senhora cobra R$ 5,00 do público que deseja vê-lo. Nestes anos, Jimmy já rendeu mais de 1 milhão de reais em arrecadação para esta senhora, além de verbas oficiais cedidas para manutenção do zoológico. E Jimmy o que ganhou? Nada.

Nesta foto à direita vemos Catarina, sobre uma plataforma de um circo, sem capacete, para jogar-se de uma altura de 10 a 15 metros, em um número arriscado que era atração para o público. Catarina trabalhou 30 anos para uma família dona de um circo, ia à festas infantis, fazia propaganda de produtos e trabalhava no circo. O que ela ganhou? Nada.

Nesta foto a esquerda vemos Hulk, chimpanzé cego (agora com sua visão recuperada parcialmente no Santuário) que trabalhou 30 anos em circos. Quando se tornou adulto, teve seus olhos queimados com água quente, para prolongar o seu uso publicitário. Atuou em novela, propaganda comercial e andava por todo Brasil em exposições itinerantes de animais, onde cada foto tirada com ele era vendida por R$ 20,00. Gerou milhões para “seus donos”. Hulk, o que ganhou? Nada.

Na foto ao lado vemos Yuri, chimpanzé que trabalhou mais de 15 anos em circo. Ele trabalhava no Globo da Morte, fantasiado de motoqueiro, junto com outros humanos, andavam em alta velocidade e muito barulho. Morava em uma pequena gaiola, que deixou seqüelas em sua coluna, hoje anda “encurvado”. Os donos de Yuri ganharam muitos milhões com as apresentações dele. Yuri, o que ganhou? Nada.

Catarina e Hulk vivem juntos, sem ter que trabalhar mais e são livres da escravidão no Santuário do GAP em Sorocaba. Yuri já vive integrado com duas fêmeas e um bebê, a quem trata como filho, no Santuário do Paraná. Ele não precisa mais estourar seus ouvidos com o ronco dos motores das motos, nem correr mais riscos. Hoje é livre da escravidão.

Jimmy ainda não. Continua sendo explorado, cobrando-se R$ 5,00 para vê-lo engaiolado e solitário. Sua vida está nas mãos da Justiça brasileira. Um Hábeas Corpus pede que seja tirado da escravidão, para que possa viver com seus iguais. Rezemos por ele!

Dr. Pedro A Ynterian é presidente do Projeto GAP Internacional (Projeto dos Grandes Primatas). Transformou seu sítio de 11 alqueires, na divisa entre Sorocaba e Itu, em um santuário. Lá estão abrigados “para viverem e serem tratados com dignidade” chimpanzés, macacos aranha, bugios entre outros primatas e, agora, também, ursos e tigres entre outros animais resgatados.

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