Opinião

Publicado: Quinta-feira, 20 de junho de 2013

Henrique Andrade Camargo: Quem precisa da velha mídia?

Decretado o fim da ditadura das mídias tradicionais.

Crédito: Arquivo Pessoal Henrique Andrade Camargo: Quem precisa da velha mídia?
A Internet sim, como ocorreu na Primavera Árabe, vem sendo a ferramenta de comunicação primordial para que a população realmente saiba o que está ocorrendo nas ruas.

De todas as declarações referentes aos protestos que tomaram o Brasil nas últimas semanas, a mais infeliz até agora - com todo o respeito que tenho por seu emissor - foi feita por Jorge Pontual, da GloboNews. Na terça-feira (18) à noite, em uma tentativa infeliz de defender as coberturas televisivas do movimento, ele lançou algo do tipo: "se não fosse a TV, ninguém veria o que está acontecendo".

A verdade nunca esteve tão longe disso. A Internet sim, como ocorreu na Primavera Árabe, vem sendo a ferramenta de comunicação primordial para que a população realmente saiba o que está ocorrendo nas ruas. Sem as mídias sociais – principalmente o Facebook e o Twitter – todos seríamos reféns de uma interpretação parcial e equivocada do que representa o Movimento Passe Livre (MPL) e seus desdobramentos. Enquanto muitos canais de TVs, rádios, revistas e jornais celebravam o sucesso da polícia no combate à depredação do patrimônio público, os manifestantes mostravam o seu lado da história, explicando os motivos de terem saído às ruas e mostrando em vídeos os abusos imperdoáveis de uma polícia treinada para defender um estado que não os representa.

Tanto quanto estabelecer uma nova geração de carapintadas, as manifestações decretaram o fim de uma ditadura das mídias tradicionais. Foi-se o tempo em que a big media decidia aquilo - e o tom daquilo - que o público recebia em casa.

Os carapintadas cibernéticos acabaram por soterrar essa lógica, que já há algum tempo andava moribunda. Colocaram em prática o que especialistas vêm anunciando há anos. Hoje, as pessoas decidem o que, onde e como receber conteúdos. Mais do que isso, há uma massa crítica que não quer apenas ligar a TV e receber verdades impostas de cima para baixo. A turma que percebeu o poder do mundo conectado – e esse não é um grupo pequeno - quer mais é ter um canal de pesquisa e de troca de ideias, onde a opinião, visão e transformação do mundo é feita colaborativamente e transmitida sem intermediários.

Henrique Andrade Camargo é jornalista, diretor de redação do Mercado Ético e pós-graduado em Gestão Socioambiental para a Sustentabilidade pela Fundação Instituto de Administração (FIA)

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