Cultura

Publicado: Quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Estórias da História, por Olympia de Almeida Prado

Crédito: Arquivo Pessoal Estórias da História, por Olympia de Almeida Prado
Casamento de Lili e Olympio, pais de Maria Olympia de Almeida Prado
“Meu avô dormiu rico e acordou pobre”, conta Maria Olympia de Almeida Prado. A genealogia de sua família está no livro de Frederico de Barros Brotero, publicado em 1938 pelo Instituto de Estudos Genealógicos de São Paulo, tendo Lourenço de Almeida Prado como ouvidor.
 
O que Maria Olympia sabe de seus avós e bisavós são as histórias contadas ou vivenciadas dentro da grande família. Sua bisavó, Olympia Almeida Prado, nasceu em Jaú no ano de 1887. Com 12 anos, saiu de Itu para casar com um primo (Abílio Alves de Almeida) que ela havia visto pela janela apenas uma vez, e que fora escolhido pela família, como ocorria normalmente na época. “Quando casou, ela ainda brincava de boneca com a ama”, conta a bisneta. O destino da bisavó Olympia, que leva o seu nome, não foi fácil. Durante uma gravidez sofreu de eclampsia e faleceu muito jovem, antes de completar 20 anos. “É bem sofrida a história humana”, reflete Maria Olympia.
Já sua avó, Carolina de Almeida Prado, veio a Itu para estudar no Colégio Patrocínio. "Ela era o xodozinho da Madre Maria Theodora”, conta Olympia. Seu avô, por outro lado, também passou por muitas agrúrias. Com a crise da bolsa, em 1929, ficou pobre do dia para a noite. Com dívidas de jogo e pouca experiência de vida, foi difícil encarar a nova situação. “Meu pai e meu tio conseguiram um emprego no Banco de São Paulo e meu outro tio conseguiu um trabalho na Bolsa de Café, em Santos”, conta Olympia. Mas o início não foi nada fácil. “Quando papai chegou a São Paulo, tiveram que dormir em banco de jardim e se cobrir com folha de jornal. Eles não tinham aptidões e nem dinheiro para pagar pensão”, relata. “Era uma família com muito orgulho, e uma geração estragada pelos pais, com um pai muito rico e os filhos despreparados”, reflete Olympia.
 
Olympia conta também como os seus pais se conheceram. Olympio Prado Alves, seu pai, teve tuberculose e foi se tratar em Campos do Jordão. Trabalhando em Taubaté como caixa do Banco do Vale Paraíba, conheceu sua futura esposa, Maria Vaz Prado Alves, que hoje tem 91 anos e ainda vive em Taubaté.
 
A família de Olympia era extremamente formal. “Meu sogro colocava terno e gravata borboleta para jantar”, conta Paulo. E Olympia completa: “Quando eu era criança, não podia mexer na lama, tinha que estar sempre arrumadinha, não podia pisar em água e nem fazer sujeira”. E finaliza: “Quando eu vim para cá, as histórias da minha infância vieram à tona. Lembro de coisas que o papai contava na mesa do almoço. Ele dizia para não desprezar a nossa origem, e na época eu nem ligava”, relembra.
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