Publicado: Terça-feira, 8 de abril de 2008
Um Tristão Educador
Camila BertolazziPor Luís Roberto de Francisco
Desde 1877, Tristão Mariano trabalhava no Colégio São Luiz como Professor Auxiliar de Música, para prática de banda e orquestra. Mas é somente dez anos depois que o irmão mais novo dos Professores Joaquim e Francisco Mariano da Costa, respeitados mestres, desde os anos de 1840, abre sua própria escola de Primeiras Letras. O Externato Tristão Mariano era um colégio dedicado à alfabetização e ao ensino de conhecimentos gerais. Propunha-se também a preparar os pequenos para ingressarem no Colégio São Luís ou Patrocínio. Dado a algumas idéias liberais, Tristão Mariano diverge delas no tocante às práticas pedagógicas. Deixemos que seu aluno, Francisco Nardy Filho nos fale da escola que freqüentou: “no Externato vigorava a mais severa disciplina... ‘Seu’ Tristão não usava palmatória, porém trazia sempre na mão uma régua quadrada, dessas que têm filetes metálicos nas quinas, a qual lhe servia tanto para ponteiro... Como para corrigir algum aluno que saísse da linha... Com ele a gente, por bem ou por mal, havia de aprender” (jornal A Federação 8.01.1966).
O ensino pela coerção, com agressões físicas era reprovado pelos republicanos, companheiros de partido de Tristão Mariano, mas praticado pelos Jesuítas, no Colégio São Luiz. Uma contradição do intelectual republicano-católico!
O professor rigoroso colocou no currículo de seu externato disciplinas práticas como Escrituração Mercantil e Música. Ensinava, para os pequenos, Francês e Catecismo. Sua convicção religiosa e o ambiente ituano eram incorporados ao programa pedagógico. Aí estão: disciplinas para a vida prática (como querem os republicanos) e outras para o alimento da alma cristã (como propõem os Jesuítas).
Leciona também nas aulas noturnas do Instituto do Novo Mundo, escola republicana para adultos e filhos de operários e escravos. Ali organizou uma biblioteca pública.
Quando vem a república e Tristão Mariano volta à vereança, propõe um método de ensino, para as escolas públicas, inspirado em países europeus, ou seja, a reunião de todas as classes isoladas, que os professores mantinham em salas alugadas às suas expensas, em um único prédio, sob mesma direção e projeto pedagógico. Em 17 de janeiro de 1893 foi fundada a Escolas Reunidas Queiroz Telles, germe dos grupos escolares em todo o Estado de São Paulo. O novo estabelecimento representava não só idéias republicanas, de acesso gratuito à educação para todas as classes sociais, mas, proporcionava notável melhoria na qualidade do ensino, questão ainda urgente em nossa sociedade.
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