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Publicado: Sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Dia do Jornalista - Claudiney Bravo

Crédito: Arquivo Pessoal Dia do Jornalista - Claudiney Bravo
"Ser parcial e ser imparcial não é uma questão de querer ou não querer. Simplesmente, é impossível ser imparcial"

Qual a missão do jornalista?
 
Apesar de não ser jornalista diplomado, vivo esse dia-a-dia na pele como editor da Circuito on Line. O jornalista é uma espécie de serviçal a serviço de um rei – o fato. Trabalhar com informação não é fácil. Um profissional da imprensa deve, de forma isenta, defender as idéias nas quais acredita sim. E quanto mais idéias divergentes estiverem em cena no tabuleiro da informação, melhor para a democracia. Essa é a sua missão.

Qual o maior desafio?
 
Ser parcial e ser imparcial não é uma questão de querer ou não querer. Simplesmente, é impossível ser imparcial. E por que é impossível? Porque antes de alguém ser jornalista, é um ser humano. Todas as experiências que você acumula desde o dia em que você nasceu têm uma influência direta no seu trabalho. A parcialidade não é uma escolha voluntária. Ninguém escolhe fazer uma matéria parcial hoje e uma imparcial amanhã. No jornalismo se trabalha com o conceito de isenção. Um jornalista deve ser o mais isento possível. Mas isso não tem nada a ver com parcialidade. Todo jornalista tem – e deve - suas preferências pessoais e particulares. É próprio do ser humano tomar partido. Agora, o que se deve evitar no exercício da profissão de jornalista é deixar que as preferências pessoais atrapalhem no seu desempenho profissional. Esse é o maior desafio hoje.

Qual o seu sonho como jornalista?
 
Como já disse anteriormente, me considero um profissional da imprensa. Comecei na imprensa numa época onde para se imprimir um jornal tinha que juntar letra por letra em linotipos. Tudo era mais difícil. Depois veio a off set e o trabalho de arte era feito todo manualmente. Você vivia na frente de uma máquina de escrever. Havia muita censura e patrulhamento ideológico. Hoje, tudo é mais dinâmico. Domina a profissão quem dominar a informação. Há trinta anos, meu sonho era ver dois computadores se comunicarem à distância. Hoje você se comunica com o mundo. O meu sonho ainda é a Liberdade das Redações. A imprensa hoje é livre e ainda não nos demos conta disso. Aí, o sonho sofre outra interrupção...Agora para mostrar que a censura e o patrulhamento parte dos próprios jornalistas. Uns com medo, outros comprados e atrelados. Só uma pequena minoria é realmente corajosa e livre.
 
Qual é o tipo de mídia com que mais se identifica?
 
Sem nenhuma dúvida a Internet. Depois, revistas e jornais.
 
Como você descobriu que queria ser jornalista?
 
Lá pelos idos de 70, em plena ditadura militar, tinha 16 anos e já trabalhava com informação e comunicação. Naqueles tempos difíceis, a coisa era outra. Eu e mais cinco amigos tínhamos programa de rádio – em Itu e Porto Feliz - e já fazíamos uma coluna semanal para jornais da época, programas de auditório, etc. E já éramos críticos. De lá para cá, foram anos de pesquisa e muito trabalho. Fui editor de duas revistas culturais impressas em Salto. E, em 2004, elaborei a Circuito on Line como um canal de discussão para toda a nossa região.
 
Conte uma reportagem que mudou sua vida.
 
Todas as matérias feitas nos mudam um pouco. Todas elas nos mostram um outro lado da moeda, nos fazem pensar e mudam direta ou indiretamente nosso pensamento. Mas uma que realmente me influenciou radicalmente não é uma reportagem e sim um evento. Em julho de 2007, conseguimos trazer o senador Cristovam Buarque para uma visita à Salto, Itu e Indaiatuba. Eu organizei toda a agenda dele, seus compromissos e visitas. E, convivendo com Cristovam por três dias, reciclei todas as minhas posições sobre a Educação praticada no Brasil. Transformei-me num defensor da causa Educação. Tornamo-nos amigos e, recentemente ele me convidou para ser o Coordenador do Movimento Educação Já a nível Brasil. Hoje, converso com ele pelo menos três vezes por semana, nos encontramos pelo menos uma vez por mês e temos a certeza que a mudança desse país só virá se veículos de comunicação como o Itu.com, a Circuito on Line e tantos outros desse nosso Brasil se mobilizarem para uma real mudança na Educação. Não formaremos bons jornalistas se não houver boas escolas de base. Não há como fugir dessa realidade e fingir que por aqui isso não acontece.
 
"Se eu pudesse fazer um mundo melhor como jornalista, eu... simplesmente não mentiria mais".

Claudiney Bravo é editor da Circuito on Line.
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