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Publicado: Quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Dia do Jornalista - Deborah Dubner

Crédito: Arquivo pessoal Dia do Jornalista - Deborah Dubner
"Somos mensageiros e é nossa responsabilidade escolher que mensagem vamos levar ao mundo"

Qual a missão do jornalista?
 
Pra mim, é definitivamente ajudar a tornar o mundo melhor. Existe uma frase famosa, não me lembro de quem, que diz: “Aquilo que eu contemplo, eu me torno. Aquilo que eu me torno, eu contemplo”. Nesse sentido, me sinto extremamente responsável pela palavra que expresso, pois ela – e todas as palavras do mundo - tem um peso, uma força, uma reação. Assim como somos responsáveis por escolher o alimento que colocamos em nosso corpo, somos responsáveis pela escolha dos assuntos que conversamos, divulgamos, ouvimos e vemos. Como jornalistas, podemos escolher a cor do mundo que queremos pintar. Não é fácil, mas é possível.
 
Qual o maior desafio?
 
Unir o comercial e o jornalismo, entendendo que os dois são extremamente importantes, mas que um não deve estar atrelado ao outro. O jornalismo não pode se submeter ao comercial, e o comercial não é nenhum vilão, ele precisa ser contemplado.
 
Qual o seu sonho como jornalista?
 
Escrever biografias e trazer à luz diferentes histórias de vida. E também ver que em algum lugar do mundo, aquilo que escrevi contribuiu para a vida de alguma pessoa.
 
Qual é o tipo de mídia com que mais se identifica?
 
Com certeza é Internet! Pela flexibilidade, interatividade, velocidade e criatividade que permite.
 
Como você descobriu que queria ser jornalista?
 
Eu não descobri que queria ser. De repente, eu descobri que eu era! É uma paixão que corre nas veias, algo que faz você ver pautas em qualquer lugar, a qualquer hora. Chega a ser um vício, que às vezes cansa, mas também dá muita alegria!
 
Conte uma reportagem que mudou sua vida.
 
Há muitas, mas escolho falar de quando fui fazer uma reportagem na COMAREI – Cooperativa de Materiais Reciclados de Itu. O primeiro impacto foi quando pisei em um lugar cheio de lixo, e vi que as pessoas trabalhavam diariamente lá. Saber é uma coisa, vivenciar é outra.
O segundo impacto, foi quando me dei conta que muitas pessoas vivem do lixo. O pão que colocam em suas casas, vem do lixo que conseguem separar e vender para reciclagem. O terceiro impacto foi quando eu vi que até mesmo no lixo, há beleza. Vi calor humano, solidariedade, alegria, comprometimento, consciência e outras qualidades difíceis de encontrar em lugares “bonitos”. Essa reportagem mudou mesmo minha vida. O lixo da minha casa, que eu já reciclava, aumentou mais de 50%. A minha consciência mudou para sempre. Depois levei minha filha lá e sempre converso sobre esses temas em casa, com as empregadas, amigas dos meus filhos, marido, e por aí vai. Depois isso vai expandindo para a consciência do nosso consumo, das embalagens, dos hábitos... enfim. Foi uma sementinha que nunca parou de crescer em mim. Fiz um artigo sobre isso (Os Artistas do lixoe uma reportagem (Comarei e o lixo reciclável de Itu)

"Se pudesse fazer um mundo melhor como jornalista, eu..."
 
Faria com que todas as mídias do mundo:
- valorizassem mais as coisas boas
- mostrassem muito mais o que o homem tem de melhor
- Informassem livremente, sem estarem presas a poderes muitas vezes ocultos
E faria de cada experiência jornalística um novo aprendizado e um novo encontro. Jamais me anestesiando para não sofrer. Jamais fazendo pouco caso das pessoas com quem estou. Jamais deixando que a profissão de jornalista seja árida, repetitiva, incolor e vazia.
Eu usaria todos os recursos disponíveis para tornar o pequeno lugar por onde passei melhor do que antes. Seja por uma conversa, um olhar, um sorriso, ou mesmo depois, ao traduzir essa experiência em forma de palavras ou imagens.
O jornalista vê muita coisa. É preciso aprender o que fazer com tudo o que ele vê. Somos mensageiros e é nossa responsabilidade escolher que mensagem vamos levar ao mundo.

Deborah Dubner é escritora, diretora do Itu.com.br e colaboradora de diversas mídias de Itu e região.
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