Quando Itu fez 406 anos, tudo mudou

Crédito: Arquivo Pessoal

Sobre as ruas de paralelepípedos, vagarosamente, os carros trafegam, enquanto moradores mais antigos da pacata Itu aumentam seus “causos” e riem, uns dos outros, na esquina da Praça da Matriz. Os sinos da imponente igreja badalam, dez vezes, ao mesmo tempo que botões desabrocham nos canteiros, anunciando a hora daquela manhã de primavera.

Por todo o centro da cidade, casarões coloridos se espalham pelos becos e ruelas e entregam a idade da cidade, que em breve, completa seu quinto centenário. Os grandes casarões, com suas grandes janelas abertas, expõem a simplicidade do cotidiano das pessoas que vivem ali e completam a beleza do cenário.

No tradicional coreto, no centro da praça, músicos sopram seus trompetes e dedilham as cordas das violas caipiras, mexendo com o corpo e arrepiando a alma dos transeuntes e turistas que trafegam encantados com os exageros que a lojas de artesanatos expõem nas calçadas e vitrines.

Com o olhar fixado e a boca lambuzada de sorvete, a garotinha ri, enquanto palhaços tropeçam com seus grandes sapatos. Por todas as ruas, o cheiro de café que invade o centro cidade pela manhã começa a dar lugar aos deliciosos aromas dos assados e refogados nos inúmeros restaurantes e bistrôs que a cidade possui.

Na antiga fábrica São Luiz, uma bela mostra de fotos. No Museu da Energia, a contagiante exposição conta a história da eletricidade no país. E o Museu Republicano expõem suas relíquias e apresenta a todos os fatos que determinaram o início da república no Brasil. Em todos eles, dezenas de pessoas contemplam e apreciam, admiradas e satisfeitas.

Os policiais, calmamente trafegam pela calçada, cumprimentando com simpatia e ajudando com informações aqueles precisam, enquanto os antiquários vendem suas relíquias e os artistas expõem suas obras.

Aqueles que visitam a cidade pela primeira vez não conseguem acreditar como, no início do século, aquela linda cidade poderia ter sido, como contam suja, violenta, com seus muros pichados, prédios abandonados, quase sem opções de restaurantes, passeios e lazer.

E então, ouvem a história: tudo mudou quando a cidade fez 406 anos e o povo cansou de ver a cidade que amam afundando graças as falsas promessas, as políticas corruptas, os governantes que só querem o próprio benefício com os cargos públicos, e então resolveram mudar... mudar de verdade, e tudo mudou.

Rodrigo Tomba é jornalista formado pela PUC-Campinas. Trabalhou no Itu.com.br e, desde 2003, atua como assessor de imprensa. Hoje é sócio na Attuale Comunicação.