Cotidiano

Publicado: Quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A Itu que queremos

Por Mércia Falcini.

Crédito: Divulgação A Itu que queremos
"Escolas que humanizam são espaços de aprendizagens autônomas e subjetivas"

Ainda jovem, quando escolhemos a profissão a seguir, não imaginamos a dimensão desse gesto. A vida profissional se mistura com a vida pessoal de tal forma que passamos a ser reconhecidos quase que exclusivamente pelo que fazemos. O que somos é o que fazemos e o que fazemos é o que somos.

Assim, quando convidada a pensar na ITU QUE QUEREMOS, por decorrência dos seus 405 anos, sabia o que me esperava: expressar em palavras os sonhos que me movem como mulher, mãe, educadora e cidadã.

Vivemos uma vida ao mesmo tempo solitária e plural, coletiva e individual. Aprendemos a cada dia o que a humanidade aprendeu ao longo de muitos milhares de anos. Vivemos também entre momentos sucessivos e, algumas vezes simultâneos, de competição e de cooperação, de interesse pessoal e de solidariedade, de individualismo e de individualidade, de isolamento e de participação.

Nesse complexo contexto social surgem as questões: que mundo vamos deixar para as nossas crianças, e que crianças vamos deixar para o nosso mundo? Que educação desejamos para a nossa cidade e, afinal, qual é a nossa possibilidade de participação nessas decisões?

Ainda que a visão de uma sociedade capitalista, pós-moderna, em que quase tudo é vendido e comprado possa nos limitar “a fazer somente a nossa parte”, penso que podemos sonhar com a construção de uma cidade que educa, recheada de escolas que humanizam.

Utopia? Ou possibilidades de um povo atuante e participativo da comunidade em que está inserido?

Acredito na participação que engloba: tomar parte, fazer parte, sentir-se parte – entre outras ações necessárias ao engajamento de um projeto comum. Quando de fato nos comprometemos com a vida de nossa comunidade escolar, por exemplo, nossa participação não se limita a levar os filhos para a escola e a exigir deles que cumpram com as obrigações escolares. Isso é importante, mas não basta para a existência de escolas que humanizam.

Escolas que humanizam são espaços de aprendizagens autônomas e subjetivas, de convivência colaborativa na cultura da paz. Um espaço aprendente, de melhoramento contínuo e alegrias constantes, em que os conteúdos acadêmicos são os meios e não o fim. Em que as aulas são experiências sensoriais; e a avaliação, um exercício diário de atitudes e valores.

É por meio da existência dessas escolas que a ITU QUE QUEREMOS pode se tornar uma cidade educadora, possibilitando a educação integral das pessoas. Uma cidade que educa oferece elementos políticos e culturais para que diferentes grupos de pessoas e instituições, nos diversos espaços e tempos da municipalidade, reflitam e compartilhem valores e atitudes indispensáveis à formação cidadã.

E então? Como e por onde começar?

Penso, defendo e desejo que os 405 anos de Itu nos permitam tomar consciência de que os nossos círculos de responsabilidade e corresponsabilidade aumentam e alargam-se dia após dia. Somos responsáveis pelo nosso quintal, assim como somos responsáveis pela nossa cidade e pelo nosso planeta.

Em qualquer situação interativa com as pessoas, podemos assumir uma relação educativa, de pessoas que educam e se educam mutuamente. E, nesse exercício, fazer valer o que já nos ensinou o mestre Paulo Freire: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” e pela Itu que queremos!

Mércia Falcini é psicopedagoga com Especialização em Formação de Professores e Sistema de Gestão. Atualmente é Diretora da Consultoria e Assessoria Saberes, Consultora da Fundação Pitágoras.

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