Sustentabilidade

Publicado: Quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Três anos depois, como está o "Itu Pela Vida - Plante Essa Ideia"?

No lugar onde deveria ser o Parque Ecológico, muito mato!

Crédito: Camila Bertolazzi / Itu.com.br Três anos depois, como está o "Itu Pela Vida - Plante Essa Ideia"?
Um matagal disputa espaço com as árvores que ainda restam

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Por Camila Bertolazzi

Três anos se passaram desde que a maior mobilização ambiental de Itu aconteceu: um mega-plantio que incorporou à natureza 30.550 mudas de árvores, plantadas em apenas 45 minutos por mais de dez mil voluntários. Depois dessa data histórica, o Itu.com.br sentiu-se na responsabilidade de acompanhar a evolução desse plantio de forma transparente. No primeiro ano, nossa equipe fez visitas mensais, levando cidadãos e especialistas nas áreas de agronomia, paisagismo e educação ambiental. 

Infelizmente a Prefeitura de Itu não teve a mesma preocupação e, como resultado, na comemoração de 1 ano desse ousado projeto, a decepção foi total ao nos depararmos com um terreno cheio de mato, troncos caídos, pista danificada e tudo mais que emprestava ao local ares de descuido e falta de comprometimento. No mesmo dia, o órgão público organizou um evento onde plantou 400 mudas no bairro Jardim Paraíso I

Um sinal de esperança surgiu dois anos após o plantio, com o Batalhão Florestal, um grupo composto por oito homens que percorrem as áreas para limpar, adubar, capinar e trocar as mudas que estavam morrendo. Como resultado, flores, frutos e pássaros foram vistos em meio às belas árvores – algumas com mais de dois metros. Porém, na mesma época, as obras de construção do Itu Novo Centro foram responsáveis pela destruição de aproximadamente 15% das mudas plantadas. 

E foi justamente isso que chamou a nossa atenção quando visitamos o local três anos depois do “Itu Pela Vida – Plante Essa Ideia”. Acompanhados pelo consultor ambiental Gabriel Bitencourt, descemos um morro de difícil acesso e caminhamos entre o matagal - que disputa espaço com as árvores que ainda restam - no que deveria ser um grande parque ecológico. 

“Infelizmente todos os mega plantios acabam sendo um acontecimento político feito para mostrar que a prefeitura se preocupa com o meio ambiente”, aponta Bitencourt. A principal critica do ex-Diretor do Meio Ambiente de Porto Feliz é a falta de planejamento em eventos desse porte. “Plantar uma árvore não é só colocar a muda no buraco. Muitas decisões precisam ser tomadas para que a porcentagem de perda seja a menor possível”. 

Uma delas é o espaçamento não adequado – citado anteriormente por outros profissionais – que pode prejudicar o crescimento das plantas menores. Segundo o consultor ambiental, o mais recomendado é a sucessão ecológica, ou seja, primeiro planta-se árvores pioneiras, que resistem melhor à insolação e terra de baixa fertilidade, e cria-se um ambiente favorável para as plantas secundárias. “Depois disso feito, as menos resistentes têm mais chance de se desenvolver”, explica. 

Luiz Carlos Mazini, que trabalha na Secretaria do Meio Ambiente de Itu e foi um dos responsáveis pelo mega plantio, confirma que houve uma perda grande de árvores principalmente em virtude das obras do Itu Novo Centro, mas ressalta que entre os meses de outubro e fevereiro, mais de quatro mil mudas foram replantadas no mesmo local. “A ideia é plantar ainda mais para suprir o que foi destruído. O trabalho nunca vai acabar; sempre teremos que adubar e capinar”. 

Outro ponto enfatizado por Bitencourt é que eventos como esse devem ser potencializados e receber um caráter educativo, promovendo a importância da urbanização urbana. “Assim como milhares de pessoas foram mobilizadas para o plantio, elas também precisam fazer parte de todo o processo e criar mais vínculo com o meio ambiente”. E completa: “Fico feliz quando o cidadão me fala que plantou uma árvore em casa, mas ao mesmo tempo isso me preocupa: será que algumas considerações básicas foram tomadas?” 

Sombrear, absorver gases tóxicos, umidificar o ar tornando o ambiente mais fresco, além de servir de abrigo e alimento para a fauna local, são algumas ações benéficas das árvores, mas “para que elas possam oferecer isso de forma potencializada, a escolha da espécie e o local onde serão plantadas devem ser feita com cuidado”, alerta. “Não adianta plantar um ipê na calçada de casa e quatro anos depois pedir para a prefeitura cortar”.

Além disso, a manutenção adequada é de extrema importância para a sobrevivência da árvore, como o controle de praga, adubação, capina e poda especializada. Essas dicas são importantes e servem inclusive para quem quer construir um parque ecológico.

No caso do Parque Ecológico de Itu, fica aí a lembrança de um sonho que envollveu milhares de pessoas em uma campanha emocionante, mas que infelizmente transformou as sementes em cimento. Um fato a lamentar!

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