Universitários de Itu escrevem livro sobre histórias de travestis
Cinco biografias distintas foram retratadas na obra.
Renan Pereira
Jozzyanne desafiou conceitos fundamentalistas e agora solta a voz cantando hinos religiosos. Malu organiza reuniões e participa de palestras ativistas exigindo direitos iguais a todos. Simone faz diversos cursos para ampliar seus conhecimentos e repassá-los aos visitantes do museu que coordena. Jô, depois de conquistar estabilidade financeira, mergulhou no sonho de ser mãe e constituiu uma família; hoje, é casada, tem três filhos e um neto. Carol mudou de vida e profissão. Deixou de trabalhar como enfermeira e hoje é prostituta.
Situações distintas de pessoas que têm algo em comum: todas as personagens citadas acima são travestis. Essas cinco histórias estão no livro-reportagem “Travestidas – Caminhos traçados por batom e preconceito”, escrito por dois estudantes de jornalismo (José Fernando e Cristiane de Oliveira) como trabalho de conclusão de curso. De acordo com Fernando, a ideia de fazer o livro-reportagem com temática homossexual trouxe alguns impasses aos universitários. “Alguns professores acharam que não iríamos conseguir entrevistadas e ficaram preocupados com o tempo disponível para escrever um livro”, comenta.
“Cada personagem tinha uma peculiaridade, uma história para contar. Queríamos expor o que compõe todo o universo travesti, mas sem nos prender em estereótipos estabelecidos pela sociedade e a mídia”, comenta a universitária Cristiane. Conforme escrito no livro, “Travestidas” são páginas preenchidas sem interferências de policiais em delegacias, de clientes nas avenidas e entorpecentes em boates.