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Publicado: Quinta-feira, 11 de maio de 2006

Evento expõe horror da tortura praticada na Idade Média

Berlinda, Flauta do Bagunceiro, Cócegas Espanhola. Quem houve essas palavras pensa que não passam de brincadeiras infantis. Mas jamais imaginaria que são nomes dados a instrumentos de tortura, praticada pela Igreja na Idade Média. Objetos esses que ficam expostos em Itu até este domingo, dia 4.

Crédito: Eloisa Rodrigues / www.itu.com.br Evento expõe horror da tortura praticada na Idade Média
Virgem de Nuremberg foi criada para não haver testemunhas durante a tortura
 
Luis Flávio Bianchini*
 
Em uma época em que a maior autoridade na Terra supostamente servia a interesses divinos, é notório que a tortura era não somente algo concebível pelas autoridades religiosas, como também uma prática amplamente utilizada. Para esse fim foram criadas, aperfeiçoadas e utilizadas peças sofisticadas, mas cuja crueldade se tornou sua maior distinção. São justamente alguns desses “instrumentos de horror”, que ficam expostos na Fábrica São Luiz, em Itu, até este domingo, dia 04.
 
A Mostra Internacional de Instrumentos Medievais de Tortura, trazida a cidade pela Associazone Ricercatori D’Italia, conta com apoio do Hotel Itu Colonial Plaza, do Departamento dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça e da Secretaria Municipal de Cultura de Itu. 
 
De acordo com o professor e presidente da Associazone, Franco Gentili, os instrumentos expostos são originais, e foram cedidos por instituições européias. As peças compreendem toda o período da Idade Média. Segundo ele, foram excessivamente usadas, pois a prática da tortura era legal. A forma de punir os criminosos ou fazer com que os acusados confessassem seus atos era a tortura. Além disso, durante a Idade Média, não havia cadeia normal, o acusado era levado a “penitência”, onde lhe seria dado um mês para confessar o crime, mediante essas práticas.
 
Dentre os objetos da exposição, há uma cadeira inquisitória original, italiana, do século XII. “Como os religiosos não poderiam cometer qualquer crime contra o acusado, pois seria contrário aos preceitos religiosos, foi criada essa cadeira”, afirma. “Quando o acusado se sentava, ele teria 30 minutos antes que os 1300 pregos o perfurassem pelo peso de seu próprio corpo. Assim os religiosos não teriam culpa pela morte, pois o torturado estaria, na verdade, se autotorturando”.
 
Outro instrumento de tortura que pode ser visto é o “esmaga seios”. “No caso de uma mulher solteira se tornar mãe, o aparelho era esquentado em brasa, e posto no peito da mulher, o que lhe causaria deformações. Essa era a forma de castigar a criança também, pois, uma vez com o peito deformado, não haveria leite e a criança morreria de fome. E os acusadores não poderiam se acusados de ter matado a criança”, conta Gentili.
 
O maior objeto em exposição é a Virgem de Nurembergue. De acordo com Gentili, “em 1500, as execuções se tornaram espetáculos. Logo, o Bispo de Nuremberg, na Alemanha, julgando que o fato das pessoas testemunharem as condenações não fosse cristão, mandou que estas fossem feitas longe dos olhos do povo, na “inquisição”, que nada mais é que as masmorras onde permaneciam os condenados. Mas, o público se revoltou por não ter direito a participar das execuções, e logo, o bispo criou esse sarcófago, no qual há pregos que perfuram o corpo do acusado, mas que não permite que a população veja a morte do condenado”, afirma Gentili. “O povo, a partir de agora, não podendo mais ver o tempo que o acusado permaneceria vivo, começou a fazer apostas”.
 
De acordo com Gentili, uma das peças da exposição, que vem sido mal-interpretada ao longo dos anos é o “cinto de castidade”. Para quem pensa que o cinto era usado pelas esposas dos nobres, que ao partir para guerras, prendiam às mulheres para que não cometessem adultério, Gentili rebate: “Até 1740, o estupro não era crime, então qualquer homem poderia atacar uma mulher na rua; então as próprias mulheres começaram a usar esses cintos, eles eram uma arma da mulher!”.
 
A Mostra fica exposta na Fábrica São Luis até este domindo, dia 04 de Junho. A Fábrica fica na Rua Paula Souza, 492 – Centro – Itu.
 
Preços: R$ 3,00 – inteira
            R$ 1,50 – estudantes
            R$ 1,00 – grupo de estudantes
Horário: Segunda, quarta e sexta das 9h às 12h, 14h às 18h
            Terça e quinta até às 21h
            Sábado e domingo das 13h às 18h
   
*Luis Flávio Bianchini é estudante de jornalismo e colaborou com esta matéria para o www.itu.com.br
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