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Publicado: Segunda-feira, 5 de abril de 2010

Dia do Jornalista - Malu Garcia

Crédito: Arquivo pessoal Dia do Jornalista - Malu Garcia
"Se eu puder fazer um mundo melhor como jornalista, eu vou lá e faço"


Qual a missão do jornalista?

Parece piegas, mas a missão maior do jornalista é transformar o mundo, abrir novos horizontes. Observe bem quanta transformação um jornalista é capaz só por meio da palavra.

Qual o maior desafio?

É aliar coragem e sensibilidade; coragem de usar esse instrumento tão singular, poderoso e próprio do jornalista (que é a palavra). E sensibilidade para atingir com ela (a palavra) o público certo e, assim, transformar o mundo num lugar melhor para todos.

Qual o seu sonho como jornalista?

Apresentar o Jornal Nacional com o Willian Bonner (rsrsrsrsrs)

Qual é o tipo de mídia com que mais se identifica?

Tive a oportunidade de trabalhar em rádio, jornal, revista e TV. Cada um desses veículos tem o seu charme: o rádio, o improviso; o jornal tem a coisa da apuração da notícia e a beleza do texto; a revista ganha em apelo visual e qualidade da pauta; e a TV tem o charme do reconhecimento do seu trabalho porque a imagem que invade a casa das pessoas é algo realmente muito poderoso. Mas identificação mesmo acho que é com o jornal, pela credibilidade que o meio inspira, aliada à força da palavra escrita.

Como você descobriu que queria ser jornalista?

Eu estudava a 8ª série no Paula Santos (Salto), era 1987. E três amigas (Luciana Gardenal, Luciana de Fátima e Julyany Gonçalves) me convidaram para escrever um jornalzinho da escola. Topei na hora! A gente não sabia nada, mas eu sabia que não queria que o nosso jornalzinho fosse feito em mimeógrafo! Por meio do pai de uma das meninas, soubemos que existia uma gráfica em Itu que imprimia jornais em papel jornal com uma máquina ultra moderna. Era o offset, (antes só existia a linotipo) maquinário recém adquirido pelo Periscópio. E fomos as quatro naquela que seria a nossa primeira viagem intermunicipal, sozinhas. Acertado o preço da impressão com o Piza, redigidas as primeiras matérias e contratados os primeiros anunciantes, partimos para a diagramação, que na época era na base do do pest-up, tesoura e cola. Engraçado que a gente descobriu que todo jornal tinha um editor e o nosso RAÇA (esse era o seu nome) também tinha que ter um. Fizemos um sorteio no papelzinho entre as quatro e eu fui a contemplada com o “cargo”. O primeiro jornal foi só elogios: professores, colegas e até o diretor nos deram parabéns, recebemos até palmas no pátio da escola quando o jornalzinho saiu e todos perceberam que a circulação era em todas as escolas. No mês seguinte, saiu o RAÇA n°02 e o que havia sido motivo para “parabéns” no mês anterior, virou bronca. Fomos as quatro chamadas na diretoria para dar explicações sobre as matérias críticas que publicamos. Hoje, ao lembrar, rio; mas na época, tivemos medo e lembro de nós quatro, preocupadíssimas, quase chorando na quadra da escola, depois da bronca. Tudo porque escrevemos uma matéria, se me lembro bem, sobre a situação lamentável dos banheiros da escola. Imagina! O diretor ficou uma fera com a gente porque o jornalzinho divulgava para a cidade inteira que os banheiros dos alunos do Paula Santos eram imundos, um lixo! (Um tempinho depois da bronca já iniciaram as reformas necessárias...) Foi aí, ao sair daquela sala da diretoria, que eu descobri que ia ser jornalista para sempre. Ali eu havia descoberto o poder da palavra.

Conte uma reportagem que mudou sua vida.

Várias reportagens transformaram a minha vida, (umas para melhor e outras, ainda que por alguns dias por causa da repercussão, para pior!), mas nenhuma à altura da existência de uma pessoa: o Zé Carlos, meu marido, também jornalista. Faz 16 anos que a minha vida com ele é a mais bela reportagem que eu poderia escrever...

Complete a frase: "Se eu pudesse fazer um mundo melhor como jornalista, eu..."

Creio que a frase é mais assertiva: “Se eu puder fazer um mundo melhor como jornalista, eu vou lá e faço”. Isso, porque sinto que a primeira qualidade do jornalista é a coragem de expor aquilo que ele vê, analisa, descobre. O verbo que enleva a vida de um jornalista é o ‘fazer’.

Malu Garcia é jornalista e advogada. Foi locutora de rádio (1988), repórter do Jornal Periscópio, de Itu, e editora do JP Porto, de Porto Feliz (1989 a 1994); Assessora de Imprensa da Unimed (1994 a 1999); editora da Revista Aqui! (2000 a 2009); apresentadora da TV Convenção (programa Direito na TV, 2008 a 2009). Desde 2007, é Assessora de Imprensa da FADITU.

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