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Publicado: Quarta-feira, 3 de maio de 2006

A História da Estrada Parque

A História da Estrada Parque

Crédito: Arquivo Pessoal - Mylton Ottoni A História da Estrada Parque
Dia da Inauguração da Estrada, em primeiro de maio de 1922
Muito mais que um tortuoso caminho que leva anualmente, milhares de romeiros a Pirapora do Bom Jesus, a Rodovia SP-312 – a conhecida Rodovia dos Romeiros – é um perfeito corredor de acesso ao Turismo Regional. Ela reúne, num só trecho de cerca de 20 quilômetros, as riquezas naturais da Área de Preservação Ambiental (APA) onde esta inserida; a importância histórica como caminho dos pioneiros bandeirantes rumo ao interior do Brasil; e a simbologia da pujança do desenvolvimento paulista do início do século, ressaltada pela construção de uma estrada entre montanhas do Planalto Cristalino, antigas fazendas do ciclo cafeeiro e a Usina Hidroelétrica de São Pedro, instalada no lendário Rio Tietê.
 
Por causa de sua localização privilegiada, ás margens do Rio Tietê, desde o dandeirantismo do século 18, a estrada era o principal caminho que ligava o Planalto de Piratininga - onde hoje fica São Paulo - aos sertões do Brasil. 
 
Conforme o historiador Jonas Soares de Souza, do Museu Republicano de Itu, naquele período ela não passava de uma trilha em meio a mata, mas se diferenciava pelo encontro dos trechos terrestres e fluviais.
 
Passando por Itu os bandeirantes chegavam por terra até o porto de Araritaguaba (hoje Porto Feliz) e depois seguiam pelo Rio Tietê nos batelões (embarcações usadas na época) até o rio Paraná em busca de ouro e pedras preciosas.
 
A Rodovia
 
A SP-312 tornou-se uma estrada propriamente no dia 1.º de Maio de 1922, como parte do Plano de Viação de São Paulo. Nessa data foi inaugurado o trecho São Paulo/Itu, o mais importante de uma rodovia que ligaria São Paulo ao Mato Grosso. O projeto já durava quase dez anos, pois desde 1913, o governo de São Paulo, chefiado por Francisco de Paula Rodrigues Alves (Presidente do Estado em 1912-1916), havia encomendado um Plano de Viação.
 
No entanto, apenas com a chegada de Washington Luís Pereira de Souza ao poder estadual, é que o rodoviarismo ganhou força.
 
Em seu governo, os trabalhos de construção da São Paulo/Mato Grosso, um dos cincos troncos estaduais delineados no Plano de Viação,  foram retomados. Num de seus relatórios, o então Secretário da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Heitor Teixeira Penteado escreveu ao Presidente do Estado: “A construção dessa estrada, uma das mais pesadas que a inspetoria tem construído, segue normalmente em demanda de Tietê. Em maio do ano passado (1922), foi solenemente inaugurado o trecho mais importante da estrada, de São Paulo até Itu, com extensão de 97 quilômetros”.
 
Trabalho Braçal
 
O trecho de Cabreúva a Itu da Rodovia São Paulo/Mato Grosso foi construído entre 1920 e 1922. Seu traçado acompanhava, na margem direita do Rio Tietê, quase o mesmo percurso da antiga Estrada do Imperador, caminho de transporte em lombo de burros para São Paulo e Santos da produção ituana de açúcar e café ao longo dos séculos 18 e 19, até a construção da estrada de ferro inaugurada em 1873.
 
Num período que não havia moto-serras nem retroescavadeiras, a implantação da rodovia São Paulo/Mato Grosso demandou muita força física dos trabalhadores, que derrubaram a mata a golpes de machado e quebraram granito a picareta. Ainda muito distante das atuais carretas, o transporte de terra e pedras era feito em carrocinhas puxadas por mulas.
 
Washington Luís inspecionou pessoalmente os trabalhos, numa demonstração da importância da obra para seu governo, e inaugurou a estrada em 1922 comemorando com pompa seu segundo mandato.
 
Glória dos Paulistas
 
Ao assumir o governo de São Paulo, Washington Luís começou a desenvolver um programa de atividades para a comemoração do Centenário da Independência (1822/1922), Estudioso da história do País e autor de livros e artigos sobre o assunto, tinha como projeto evidenciar o papel dos paulistas na construção da Nação.
 
Como parte do programa, mandou construir na estrada Vergueiro (São Paulo/Santos), ao longo da serra, uma série de monumentos que tinham três finalidades: celebrar o centenário da Independência, lembrar o “esforço hercúleo dos paulistas” e servir de abrigo para os viajantes. Quatro monumentos foram projetados e construídos pelo arquiteto Victor Dubugras: o Cruzeiro Quinhentista, o Marco de Lorena, o Rancho da Maioridade e o Pouso de Paranapiacaba.
 
Como lembra o historiador Jonas Soares de Souza, a rodovia São Paulo/Mato Grosso, especialmente o trecho entre São Paulo e Porto Feliz, poderia também rememorar a importância dos paulistas na conquista e formação do Território Nacional. Em sua última fala Pública em Itu, em 1955, Washington Luís deixou essa dimensão da estrada: “E essa de Itu é celebrada estrada que, partida de São Paulo, chegava ao antigo porto de Araritaguaba  e ia a Mato Grosso, esse Mato Grosso onde a audácia e a perseverança da gente paulista foram descobrir as minas de ouro de Cuiabá, que enriqueceram a metrópole de então,  e, sobretudo, alargaram a capitania de São Vicente, fazendo alongar para oeste imensamente as fronteiras do território brasileiro”.
 
Para o trecho Cabreúva-Itu que desde a sua inauguração era considerado o “mais belo”, Washington Luís idealizou e mandou construir muretas, mirantes bancos e mesas em pontos estratégicos.
 
Não eram monumentos como aqueles edificados por Victor Dubugras ao longo da serra, mas eram recursos que tinham a finalidade de facilitar aos viajantes a visão de um monumento natural muito maior: O Rio Tietê.
 
A estrada ainda não estava inaugurada quando começou a ser usada para passeios, festividades e piqueniques. O próprio Washington Luís e sua comitiva utilizaram a Gruta, em 18 d
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