Cultura

Publicado: Quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Salathiel de Souza conta sobre o Ano Nelson Werneck Sodré

Descobri que NWS serviu ao Exército em Itu e aqui se casou.

Crédito: Arquivo Pessoal Salathiel de Souza conta sobre o Ano Nelson Werneck Sodré
Trabalhar em qualquer projeto cultural, em nosso país, é matar um leão por dia

Para mim tudo começou quando recebi um telefonema do Alan Dubner. Queria me apresentar a uma pessoa que tinha um projeto fascinante. A apresentação aconteceu na mesma tarde e a pessoa em questão era a doutora Olga Regina Frugoli Sodré.

Psicóloga de renome, ela chegou a lecionar na Sorbonne, em Paris. Filha do militar, historiador e crítico literário Nelson Werneck Sodré (NWS), precisava de um jornalista para auxiliá-la nos trabalhos do Ano NWS, série de atividades em homenagem ao centenário de nascimento do mesmo.

Marcamos uma reunião e durante a conversa ficou claro para mim que se tratava de uma oportunidade única. Já tinha lido trechos de “A História da Imprensa no Brasil” durante a faculdade, uma das obras de NWS que é referência até hoje entre os estudiosos da comunicação no Brasil.

Não tinha, entretanto, um conhecimento mais aprofundado a respeito da vida e da obra de NWS. Aceitei o desafio de auxiliar a Dra. Olga no projeto do Ano NWS por descobrir que se trata de um dos maiores intelectuais brasileiros dos nossos tempos, ainda não plenamente reconhecido.

Descobri que NWS serviu ao Exército em Itu, cidade onde acabou conhecendo sua esposa Yolanda Frugoli. Descobri que aqui faleceu e está sepultado. E muitas outras coisas fui descobrindo sobre sua vida e amizades, sobre suas obras e estudos. Descobri tanto que chego a interessar-me na leitura de vários de seus livros, principalmente os que trazem suas memórias.

Acertada nossa parceria em relação ao Ano NWS, imediatamente começamos a formar uma rede de contatos envolvendo pessoas da imprensa, das universidades, dos institutos culturais e do círculo de amizades de Nelson Werneck Sodré. Os esforços não serão em vão e a previsão é de que durante este ano o nome do historiador deve ser foco de atenção em todo o Brasil.

Trabalhar em qualquer projeto cultural, em nosso país, é matar um leão por dia. É uma luta constante, um desafio de persistência. Infelizmente os brasileiros em geral não dão o devido valor à História, à Cultura e à Educação, assim como os maiores nomes entre todas essas áreas do conhecimento humano.

Um país que não estuda sua História, não consegue formar uma identidade nacional. Um país que não reconhece a Educação como fonte primária do verdadeiro desenvolvimento da nação, não consegue um progresso efetivo. Um país que não cultua o trabalho desenvolvido por seus grandes nomes nos vários campos da sociedade, não consegue inspirar exemplos para as gerações futuras.

Não que o esporte e as artes não devam ser atrativos, mas talvez seja por isso que grande parte da nossa juventude prefere ser jogador de futebol, dançarina ou cantor de grupos de pagode. Certamente faltam exemplos que inspirem crianças e jovens a serem historiadores, professores, intelectuais, sociólogos, etc.

Por sua obra, por suas múltiplas facetas talentosas, por tudo o que testemunhou e fez parte em nossa história recente, a pessoa de Nelson Werneck Sodré não pode ficar no panteão dos esquecidos, perdido no passado. O Ano NWS caracteriza-se justamente em um esforço para que tal fato não aconteça.

Amém.
 

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