Ofício de Trevas abre a programação "A Paixão Segundo Itu"
A cerimônia será sábado (31 de março), na igreja do Carmo.
Camila Bertolazzi
Como parte da tradicional programação da Semana Santa em Itu, a cerimônia de "Ofício de Trevas", oração pública extraída do 'Ofício Divino' acontecerá no dia 31 de março (sábado), na igreja de Nossa Senhora do Carmo, às 19h30.
A celebração, que não é uma missa, é organizada pelo Convento do Carmo com apoio do Museu da Música de Itu, e tem início com a igreja às escuras. Durante o ofício serão recitados salmos, antífonas, leituras e responsórios da Quinta-feira Santa, lembrando a oração no Monte das Oliveiras, a prisão de Jesus e a traição de Judas.
Todos os salmos são cantados em língua portuguesa e em canto-chão (canto gregoriano), interpretado pela Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo em diálogo com os membros da Congregação Mariana do Carmo. O oficiante será Frei Febisberto Caldeira de Oliveira OC, Prior do Convento. As leituras extraídas das Lamentações de Jeremias, bem como as antífonas e responsórios, serão cantados na música medieval do Canto Gregoriano próprio, previsto pela Igreja, todos em latim, língua litúrgica do Catolicismo.
"O altar fica coberto com um imenso tecido preto, bem como todas as imagens dos santos e o próprio crucifixo. Um conjunto de quinze velas dispostas em grande candelabro, chamado tenebrário, vão sendo apagadas ao longo da cerimônia. Quatorze velas representam os apóstolos e as Marias que acompanharam a Paixão; a décima quinta vela é o próprio Jesus, vela que não se apaga, que simboliza a ressurreição", explica Luís Roberto de Francisco, maestro do Coral Vozes de Itu.
A cerimônia, que já chegou a durar cerca de quatro horas, atualmente, tem cerca de uma hora e meia, pois diminuíram-se os salmos e as antífonas. Em diversos períodos da história compositores europeus reconhecidos, como Couperin e Liszt, escreveram a música polifônica própria para os responsórios, no estilo de seu tempo, a fim de oferecer um diálogo com o gregoriano. "Em Itu não foi diferente, também os compositores escreveram a música para os responsórios, cantados em formato alternado com o gregoriano", diz Luís Roberto.
A transcrição coube à equipe de músicos do Museu da Música - Itu, destacando a importância da cidade no cenário histórico e cultural, já que é uma das mais tradicionais cidades paulistas e guarda práticas culturais e religiosas do período colonial, formas de representação da fé católica, marcas de seu povo e da continuidade dos seus costumes.
A realização dos eventos do "Itu - Fé, Tradição e Cultura" é assinada pelo Museu da Música - Itu e apoio da Associação Pró-Desenvolvimento do Turismo da Estância Turística de Itu (PRÓTUR), da Prefeitura Municipal da Estância Turística de Itu, por meio da Secretaria Municipal de Cultura de Itu, Instituto Cultural de Itu e Convento do Carmo de Itu.