Cultura

Publicado: Segunda-feira, 10 de abril de 2006

Estréia de "Aves exóticas voam para Vazabarris" lotou o Temec

Um verdadeiro espetáculo, recheado de cantos, dança e interpretação, a estréia de "Aves exóticas voam para Vazabarris", a mais recente montagem da Cia. Teatral de Itu, lotou o Temec neste final de semana. Esta peça retrata o drama social profundo que envolveu a "Guerra de Canudos". Confira.

Crédito: Eloisa Rodrigues / www.itu.com.br Estréia de
A peça retrata um drama social profundo que envolveu a "Guerra de Canudos"
Um verdadeiro espetáculo, recheado de cantos, dança e interpretação, a estréia de “Aves exóticas voam para Vazabarris”, a mais recente montagem da Cia. Teatral de Itu, lotou o Teatro da Assatemec neste final de semana.
 
Produzido por Décio Gentil e Adir de Lima, e com direção de Elvira Gentil, esta peça retrata um episódio da história do Brasil, um drama social profundo que envolveu a “Guerra de Canudos”. A concepção deste espetáculo, afirma Elvira, está amparada no próprio texto que indica o tom épico, grandioso, mas que permite uma encenação simples e despojada.
 
A personagem Joana Imaginária é quem conduz a peça. Uma mulher que vive de vender imagens de santos é a visionária que narra a ação para os feirantes de uma vila, que resolvem interpretar os acontecimentos de Canudos. É o teatro dentro do teatro. Ela interfere na narrativa, alterna episódios e corrige as cenas durante todo o espetáculo. A trama enfoca, principalmente, os dramas cotidianos de uma guerra: a fé de pessoas que lutam por algo que não sabem ao certo o que estão fazendo, mas acreditam naquilo; que não sabem porque tudo começou, e muito mesmo para onde vai, mas seguem até o fim na batalha. Quer saber o final da história? Aguarde a próxima apresentação da peça (as datas ainda nao foram definidas).
 
A Cia. Teatral de Itu tem exercido suas atividades levando sempre o nome da cidade aos mais diversos pontos da região e interior de São Paulo. Já ganhou o primeiro lugar na fase municipal e segundo na fase regional do Mapa Cultural Paulista 2000 com a peça “Em moeda corrente do país”. Ganhou os mesmos prêmios, em 2001, com a peça “O médico à força”, de Molière. Há 14 anos, a Cia. Teatral de Itu criou um grande repertório, montando em média dois espetáculos por ano.
 
Mais informações pelos telefones (11) 4023-3490, com Liliane, ou (11) 4013-4269, com Regina.
“Vazabarris”. Uma sinopse.
Joana Imaginária, uma mulher que vive de vender imagens de santos, é a visionária que narra a ação para os feirantes de uma vila, que resolvem interpretar os acontecimentos.
 
Como uma porta voz tardia de Antonio Conselheiro, Joana interfere na narrativa, alterna episódios, corrige cenas, indo e vindo no tempo.
 
Assim conta a história de Maria Rita, que foge do arraial de Canudos e convence Macambira a acompanhá-la. Ele a segue mais por amor do que pela crença naquele sítio de fim de mundo. Com a guerra, o rapaz desinteressado se torna um dos mais temidos jagunços a defender a cidadela.
 
Enquanto isso três soldados atrapalhados experimentam as dificuldades das campanhas contra Canudos. Mesmo contra vontade acabam participando de todas as 4 expedições que movimentaram milhares de soldados do exército brasileiro, um dos mais bem equipados na época, visto que acabava de sair da Guerra do Paraguai.
Numa delas, o destemperado general Moreira César entra em cena como o herói nacional, ostentando um orgulho tão grande como será o seu fracasso.
 
No “outro Brasil”, repórteres do Rio de Janeiro também se confundem ao discutir o papel da imprensa no episódio. Retratam a visão distorcida do País que, inflamado pelos ideais da recém-proclamada República, vê no refúgio do
Conselheiro uma fortaleza monarquista resistindo aos novos tempos. E que, portanto, precisa ser arrasada. No arraial, mulheres rezam enquanto atiram contra o exército.
Numa confusão, os principais personagens se envolvem no ataque à Matadeira, o poderoso canhão que bombardeia Canudos e suas igrejas. Com o arraial em chamas, Maria Rita pede a ressurreição dos parentes queridos. Joana Imaginária, a exemplo de um “deus ex-máquina” das tragédias gregas, atende o seu pedido e encerra a ação, pedindo desculpas ao público pela profusão de imagens.
O espetáculo termina, mas as sonoridades de Canudos continuam, revivendo nos jornais e noticiários cotidianos uma história que nos diz respeito até hoje: o Brasil moderno contra o Brasil dos excluídos.
Uma batalha que parece estar longe do fim.
 
Elenco em ordem alfabética
Alessandro Franco: jornalista Oliveira e recruta Duarte
Ailton Bola: feirante, soldado e cowboy
Bernardo Loyola: santo e soldado
Christian Hilário: recruta Anselmo
Débora Nunes: índia, feirante, beata, moça bonitinha e Joana jovem
Eduardo D´Elboux: feirante, banqueiro, beato, jagunço e Macambira Pai
Felipe Genebra: médico e jornalista Barbosa
Juliano Mazurchi: jorn
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