Convento do Carmo inaugura Memorial em homenagem a D. Raimundo Lui
Concerto de música sacra antecipou o evento.
Jéssica Ferrari
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Itu ganhou mais um espaço cultural no dia 21 de maio. O Memorial do Convento do Carmo de Itu D. Raimundo Lui foi inaugurado para preservar e divulgar parâmetros, imagens e livros que relatam a história do Convento ituano, cuja origem remonta o início do século XVIII.
O espaço, instalado em uma das salas do antigo convento, homenageia o bispo ituano D. Raimundo Lui, que pertenceu à Ordem do Carmo. A organização foi uma iniciativa do Prior do Convento, Frei Antonio Sílvio da Costa Jr, que abriu as portas do Memorial pela primeira vez ao público, numa cerimônia emocionante de recordação da história da igreja. “Foi uma homenagem linda. Nós admiramos muito o Frei Sílvio pelo apreço que ele tem por nossa cidade”, afirma Clotilde Mariano de Arruda Rocha, coordenadora do Lar e Escola Santo Inácio.
Durante o evento, o Frei explicou como o espaço se transformou num Memorial. “A primeira ideia era de que esse espaço fosse uma sala nobre. Mas quando um padre me comunicou que o D. Raimundo Lui, que era ituano, havia deixado alguns objetos seus na igreja e que era de vontade dele que eles ficassem em Itu, eu pensei de que maneira poderia fazer a vontade dele e ao mesmo tempo não desprezar essa memória. Foi então que começou a surgir a ideia de utilizar essa sala não só para as coisas de D. Raimundo Lui, mas também para objetos que pertenceram à história do convento e estavam guardados pela igreja”, contou o Frei.
O Memorial ficará aberto à visitação aos sábados, em horário único, com o acompanhamento de um guia.
Romantismo na Música Sacra em Itu
O concerto “O Romantismo na Música Sacra em Itu” foi apresentado na Igreja de Nossa Senhora do Carmo antes da inauguração e reuniu obras escritas por compositores italianos, amplamente utilizadas pelos antigos coros das igrejas da cidade.
O repertório, que está preservado no arquivo do Museu da Música – Itu, foi transcrito por uma equipe de pesquisadores do próprio museu. Trata-se de composições que substituíram as composições tradicionais de Itu e representam parte do patrimônio imaterial ituano.
Para o evento estava previsto a volta do harmônio Hinkel, do antigo Coro do Carmo, que estava fora de uso há mais de 30 anos. Porém, o instrumento não pode ser ajustado a tempo da apresentação.
Promovido pelo Madrigal do Museu da Música, o evento contou com o apoio cultural da Secretaria Municipal de Cultura de Itu.
Jéssica Ferrari / www.itu.com.br |
A batina de Dom Gabriel volta a Itu
Ao fim do concerto, o Frei Antonio Sílvio da Costa Jr anunciou a volta da batina de Dom Gabriel Paulino Bueno Couto à Itu. A veste entregue ao Frei deverá ficar exposta na sacristia da igreja por questões de normas da Santa Sé, uma vez que expor a batina na igreja estaria antecipando a veneração de um santo. “É mais um ituano que permanece com suas coisas aqui em Itu”, declarou alegremente o Frei.
Dom Gabriel Paulino Bueno Couto nasceu em Itu, em 22 de junho de 1910. Fez os primeiros estudos em sua cidade natal, onde ingressou no Seminário do Carmo. Ainda jovem, seguiu para Roma onde estudou teologia e filosofia no Colégio Internacional Santo Alberto e na Pontifícia Universidade Gregoriana. Ordenou-se presbítero carmelita, em Roma, no dia 9 de julho de 1933.
Foi eleito Bispo, ainda em Roma, em 1946. Nomeado para a Diocese de Jaboticabal (SP) como Bispo auxiliar, lá permaneceu por um ano. Por motivo de saúde foi transferido para a Diocese de Taubaté (SP), fixando residência em São José dos Campos. A convite do Cardel Agnelo Rossi, transferiu-se para São Paulo, onde prestou serviços na Pontifícia Universidade Católica.
Em 5 de Janeiro de 1967, assumiu a Diocese de Jundiaí(SP), como primeiro Bispo, onde permaneceu até o falecimento em 11 de março de 1982. Exerceu intensa atividade pastoral em Jundiaí - criou o Seminário Maior - e nas cidades da Diocese. Deixou diversas obras, entre as quais: "O Homem e a sua Realização".
Foi sepultado na cripta da catedral de Jundiaí, onde é visitado e venerado. Falecendo sob odor de santidade, foi aberto em 1999, o Processo Diocesano de Beatificação e Canonização, encerrado no final do ano de 2000, quando foi enviado à Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano. "Dar Cristo ao homem que ainda não o possui, tomar consciente de Cristo o homem que já o possui" (Dom Gabriel).
D. Raimundo Lui O. C.
D. Raimundo Lui nasceu em Itu, em 22 de julho de 1912. Entrou para a Ordem do Carmo em sua terra natal, estudando depois em Mogi da Cruzes e em São Paulo, onde foi ordenado sacerdote em 1939. Atuou como missionário na Bahia e como Capelão-militar da Marinha do Rio de Janeiro. Foi também pároco em Jaboticabal e Santa Bárbara d’Oeste. Viveu em um mosteiro na Áustria, dedicado à vida contemplativa. Em 1962 foi sagrado bispo, tornando-se o primeiro da recém criada diocese de Paracatu.
Participou ativamente do Concílio Vaticano II. Em 1977 renunciou ao governo da Diocese e retornou à vida conventual em Itu, Jaboticabal e São Paulo, onde faleceu em 1994. Seu irmão, Frei Pedro Celestino Lui vive no Convento do Carmo de Unaí, onde completará, no próximo mês seu centenário de vida.