Opinião

Publicado: Quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Américo Tângari Junior: longa caminhada aos corações safenados

Outro ponto a observar: a alimentação deve ser regrada.

Crédito: Arquivo pessoal Américo Tângari Junior: longa caminhada aos corações safenados
'Afinal, andar é ótimo para a saúde, ainda mais quando se sabe que o sedentarismo mata mais do que o cigarro'

A desagradável notícia de uma intervenção de ponte safena ou mamária pode levar à depressão ou à falsa ideia de que "o meu mundo caiu". Esqueça: se você é um desses corações sensíveis, passíveis de uma cirurgia ou já safenado,  saiba que em pouco tempo poderá voltar ao normal e levar uma excelente vida. Basta seguir as orientações de seu médico. A caminhada, por exemplo, faz parte dessa receita de boa qualidade de vida.

Afinal, andar é ótimo para a saúde, ainda mais quando se sabe que o sedentarismo mata mais do que o cigarro, segundo um estudo divulgado em Londres a propósito das Olimpíadas. Se é que se pode ou se deve medir o tamanho do malefício de cada qual - logo, os dois devem ser evitados.

A reabilitação pós-revascularização miocárdica varia pela idade em que a pessoa foi safenada; outra recomendação importante é mudar a filosofia de vida para que a sobrevida ganhe aspectos semelhantes ao período anterior à cirurgia.

Dois meses após a intervenção, as atividades devem ser leves e progressivas. Caminhadas, por exemplo, podem ser feitas para o resto da vida - desde que não se tenha ansiedade para intensificar a carga no início. O ideal é que se pratique a atividade indicada pelo menos três vezes por semana.

Se o médico não recomenda esse exercício, pode ocorrer de a pessoa ter alguma doença associada. As mais comuns são as ortopédicas – coluna, especificamente. Mas há saídas para esses casos, como hidroterapia ou hidroginástica.

Outro ponto a observar: a alimentação deve ser regrada. É preciso evitar fatores de risco como o sedentarismo, fumo, ingestão de gorduras, estresse e álcool. Algumas pessoas voltam a ser operadas por não levarem as recomendações médicas a sério e/ou a causa não foi curada (principalmente antigos vícios e hábitos). Não se deve andar sobre o fio da navalha.

Para uma boa recuperação, deve-se evitar esforços após as refeições. Outras recomendações:

> Passar os primeiros quinze dias em casa de maneira tranquila - é prudente reduzir telefonemas e visitas em excesso;
> Evitar  locais cheios como igrejas ou cinema. Não convém ter contatos com pessoas enfermas;
> Dormir pelo menos oito horas de sono por noite. Procurar seu médico caso não consiga;
> Se houver incisões nos membros inferiores, evitar sentar-se por muito tempo. Manter as pernas elevadas sempre que possível, não cruzá-las e andar sempre que  possível;
> Evitar viagens prolongadas, além de duas horas. Se não for possível, interromper a viagem e caminhar por períodos curtos;
> Manter atividade sexual é uma prática saudável à vida normal, depois de trinta dias da alta hospitalar. Recomenda-se moderação;
> Dirigir automóvel, só depois de 60 dias da alta hospitalar, em razão de reflexos ainda lentos;
> Retornar gradualmente ao trabalho depois de quatro semanas. Recomeçar com meio período e aumentar o tempo de acordo com recomendação médica.

Américo Tângari Junior é especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira. Integra a equipe de Cardiologia do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. 

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