Sustentabilidade

Publicado: Terça-feira, 29 de julho de 2008

Comarei e o lixo reciclável de Itu

A cooperativa de recicláveis de Itu existe desde 2000

Por Deborah Dubner
 
“A reciclagem é igual a maré do mar: às vezes dá muito, às vezes dá pouco.” (Arnaldo Chaves Araújo, cooperado há 4 anos)
 
A Comarei é uma cooperativa que cuida do lixo reciclável em Itu e tem atualmente 51 pessoas cooperadas. Com 8 pontos de coleta e 4 caminhões (EPPO, Sorocaba Refrescos, Hidro e da própria Comarei), a Cooperativa de Materiais Recicláveis de Itu tem hoje muito do que se orgulhar. São 7 anos construindo uma consciência de preservação do Meio Ambiente, envolvendo toda a população, alterando hábitos e propiciando geração de renda para os seus cooperados. Quando chegamos para a reportagem, o pessoal estava na hora do descanso. Aproveitamos a pausa para conversar e aprender com eles. E o aprendizado foi muito além do que eu podia imaginar. Quer saber mais?
  
VIDA DE COOPERADO
 
Quem nunca entrou no depósito da Comarei não tem idéia da rotina dos cooperados. E não é nada fácil. O turno de trabalho é das 7h às 11h e das 12h às 17h. O ambiente cheira lixo e a atividade é pesada. “Tem gente que não agüenta o baque”, comenta Arnaldo Chaves Araújo, que trabalha na Comarei há 4 anos. “Quando a pessoa tem algum problema de saúde, ou quando não agüenta o cheiro, ela sai fora”, completa.
Mesmo assim, muitos deles trabalham com um sorriso no rosto, boa vontade e disposição. E os exemplos de beleza são muitos, como o caso de Francisca Idaleci Miranda, que reforma bonecas e de Dona Dulcelina, que utiliza os retalhos de tecido para fazer tapetes.
  
A cooperativa é presidida atualmente por Darcio Gregório Graciotto, de 27 anos, que foi o mais votado e substitui um senhor que se aposentou. O seu mandato dura 2 anos e envolve diversas atividades de responsabilidade: fiscalização, vendas, pagamentos, etc.
“O dia de pagamento é corrido”, comenta Darcio. Mensalmente, o valor arrecadado com a venda de recicláveis, após tirar as despesas da Cooperativa, é dividido igualmente pelas 51 pessoas. A média de retirada é R$ 500,00 mensais, em sistema cooperativista.
 
COMO FUNCIONA
 
“A reciclagem é igual a maré do mar: às vezes dá muito, às vezes dá pouco”, explica Arnaldo, que veio de Fortaleza com 14 anos e traz vivas as lembranças de infância. “No Natal vem mais papelão, por causa das embalagens. No verão, são mais latinhas de cerveja, por causa do calor. Mas o que tem mais mesmo é PET e plásticos em geral”, diz o cooperado.
 
João Batista Soares é um dos cooperados mais antigos, pois acompanhou tudo desde o início. Ele conta: “Muitas vezes o material chega sujo ainda e nós limpamos. E também vem lixo que não é reciclável e nós separamos”.
Uma de suas colegas comenta: “O bom mesmo é quando a gente encontra dinheiro. Uma vez uma amiga encontrou R$70,00”. Quem encontra, fica com o dinheiro. É esse o acordo. Mas não é apenas dinheiro que aparece: relógios, roupas e até mesmo jóias fazem parte da lista de coisas que aparecem no meio do lixo.
 
A cada 15 dias, eles juntam a carga e enviam para as indústrias que trabalham com recicláveis, em diversas cidades da região, como Jundiaí, Campinas, São Paulo, Salto, Porto Feliz, entre outras cidades. Cada material vai para indústrias diferentes.
 
E os resultados aparecem. São 300 toneladas de recicláveis por mês de papel, plástico, vidro e metal.
 
CONSCIÊNCIA, AÇÃO E PRESERVAÇÃO
 
Quem trabalha na Comarei tem a exata noção da importância da reciclagem do lixo e sabe do seu papel como cidadão, na preservação do Meio Ambiente. Uma consciência que, infelizmente, falta em muitas famílias, independente do repertório cultural ou da posição social. “Eu acredito que a gente ajuda demais na preservação, como cooperado e como pessoa também. Eu ensino os vizinhos, porque eles não faziam isso antes. Afinal, é importante para o futuro da gente, dos nossos filhos e das crianças”, reflete o cooperado Arnaldo.
Segundo Patricia Otero, uma das colaboradoras da COMAREI, as Capacitações e Oficinas sobre Educação Ambiental realizadas no âmbito da cooperativa têm facilitado a participação da população de Itu, além de promover maior conscientização sobre o que cada um pode fazer pelo meio ambiente. "Nesta ciranda, muitos estão tendo a possibilidade de exercitar a cidadania planetária e o consumo sustentável. Através dessa prática, todos saem ganhando: os cooperados, o meio ambiente e todos nós!", comenta a educadora ambiental.

Deborah Dubner / www.itu.com.br
Visão geral da Comarei em Itu

Leia mais: www.itu.com.br/comarei

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