Cultura

Publicado: Terça-feira, 3 de abril de 2012

Dom da música: três ituanos integram a "Orquestra Jovem do Estado"

Jovens participaram de concerto com o maestro Frank Shipway.

Crédito: Carolina Padreca Dom da música: três ituanos integram a "Orquestra Jovem do Estado"
Forrmada por 90 músicos, a Orquestra Jovem do Estado é uma das raras orquestras brasileiras dedicadas à experimentação musical para estudantes

Por Tamara Horn

Sábio Arthur Schopenhauer ao dizer que a música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende. O êxtase que se sente ao ouvir melodias atravessando o canal auditivo é inexplicável. Um bom arranjo, uma boa composição e uma boa interpretação são ingredientes fundamentais para a música tocar a alma.

E é para isto que os jovens de Itu, Gabriel Trettel (trombone), Vinícius Costa (piano) e Raul Menezes (flauta) trabalham. Os rapazes passaram em um concurso para integrar a Orquestra Jovem do Estado - um projeto do Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo e a Secretaria da Cultura.

“Ser aprovado na orquestra foi evidentemente uma conquista, mas acima disso, uma forma de perceber a música como profissão e como as pessoas do próprio meio recebem o seu trabalho”, responde Vinícius ao ser indagado sobre sua entrada na orquestra.

A primeira apresentação como integrantes da orquestra aconteceu em grande estilo. No dia 12 de março, na Sala São Paulo, o renomado maestro britânico Frank Shipway regeu 90 músicos e embalou o púbico com um repertório repleto de música boa. Entre as selecionadas estavam Lohengrin, Prelúdio do III ato (Wagner), Sinfonia nº 8 “Inacabada” (Schubert) e Sinfonia nº 8 em Sol Maior, Op. 88 (Dvorak).

Trettel não escondeu a ansiedade ao saber que participaria de um concerto regido por Shipway. “Estavam todos muito ansiosos, tanto para a chegada do maestro, quanto o dia do concerto. No camarim da Sala São Paulo não era nem de nervosismo, mas de ansiedade, ninguém via a hora de começar o concerto”, revela. "O maestro Frank Shipway é uma grande nome hoje no meio musical. Para nós, como músicos no começo da carreira, tocar sob a regência do maestro Shipway é um privilégio", acrescenta Raul.

Além da participação do maestro britânico, nesta temporada a Orquestra Jovem receberá outros grandes nomes da regência mundial, como o alemão Rolf Beck e o russo Vladimir Ashkenazy.

Os integrantes do grupo passam a trabalhar com nova metodologia de ensaios e seguem uma agenda de nove programas apresentados em pelo menos 17 concertos, que inclui turnê alemã com participação no Festival MDR Musiksommer, na Saxônia, em agosto; na temporada do Mozarteum Brasileiro, no Teatro Alfa, em outubro; e programa de encerramento na Sala São Paulo, em dezembro, com a solista Maria João Pires.

Os jovens, que têm como diretor musical o renomado maestro Cláudio Cruz, não poupam elogios ao profissional. “É muito bom trabalhar com ele, pois [ele] é um exemplo de disciplina, profissionalismo e competência, além de saber lidar com as pessoas e certos tipos de situações”, ressalta o trombonista. "É uma experiência muito enriquecedora para nós como instrumentistas", completa Raul.

O pianista Vinícius diz que a música apanha um bocado de outros méritos: autoconhecimento, disciplina, coragem e um pouco de loucura. “Em suma, o intuito disso tudo é chegar de uma forma inteligente e sensível nas pessoas que nos ouvem”, conclui.

Orquestra Jovem do Estado

Forrmada por 90 músicos, a Orquestra Jovem do Estado é uma das raras orquestras brasileiras dedicadas à experimentação musical para estudantes.

Fundada em 1979, a OJESP representou o Brasil no 2° Encontro Latino Americano de Orquestras Juvenis, realizado na Argentina, e foi responsável por apresentações brasileiras de primeiras audições de obras de Dvorák e Händel. Atualmente, tem se apresentado com solistas de renome como Antonio Del Claro, Gilberto Tinetti, Marcelo Jaffé, Gretchen Miller, Adélia Issa, Céline Imbert, entre outros.

Cláudio Cruz - regente titular e diretor artístico

Iniciou-se na música com seu pai, o luthier João Cruz, posteriormente recebeu orientações de Erich Lenninger, Maria Vischnia (violino) e George Olivier Toni. Foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), Prêmio Carlos Gomes, Prêmio Bravo, Grammy Awards entre outros. Tem atuado como Regente Convidado em diversas orquestras, entre elas a Orquestra Sinfônica Brasileira, Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo, Sinfônica de Porto Alegre, Sinfônica de Brasília, Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), Orquestra de Câmara de Osaka, Orquestra de Câmara de Toulouse, Orquestra Sinfônica de Avignon entre outras.

Participou de diversos Festivais de Música, no Brasil destaca-se sua participação como Regente da Orquestra do Festival Internacional de Campos do Jordão em 2010 e 2011, também participou do Festival de Verão da Carinthia (Áutria) e Festival Internacional de Música de Cartagena onde atuou como camerista e Regente Convidado da Osesp. Foi Diretor Musical da Orquestra de Câmara Villa-lobos, Regente Titular das Sinfônicas de Ribeirão Preto e de Campinas. Atuou como Diretor Artístico e Regente nas montagens das óperas Lo Schiavo e Don Giovanni em Campinas, Rigoletto e La Boheme em Ribeirão Preto. Desde 1990 ocupa o cargo de spalla da Osesp, atualmente é o Regente e Diretor Musical da Orquestra Jovem do Estado. Na temporada 2012-13 regerá a Northern Sinfonia (Inglaterra), a New Japan Philharmonic, Hyogo Academy Orchestra, Hiroshima Symphony (Japão), Svogtland Philharmonie (Alemanha), Jerusalem Symphony Orchestra entre outras.

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