Opinião

Publicado: Quinta-feira, 17 de maio de 2012

Bruno César Costa: o que Museu tem a ver comigo?

Para muitos, museu ainda é o espaço das coisas antigas.

Crédito: Arquivo pessoal Bruno César Costa: o que Museu tem a ver comigo?
Se a discussão do tema fosse constante, a visão de muitos sobre o serviço museológico não seria a de que o museu apenas abriga/coleciona objetos antig'os, traduzindo a ideia do fetichismo

Em algum momento da sua vida você já pronunciou e/ou ouviu tais palavras: “O que museu tem a ver comigo?”. Para muitos, museu ainda é o espaço das coisas antigas (isso quando não usam o adjeitvo “velho”), um lugar parado no tempo, onde nada se aprende, apenas se admira. Será que podemos considerar esse pensamento como totalmente errado? Acredito que não. No ensino básico (fundamental e médio), são raras as escolas que promovem um debate a respeito do conceito/função dos museus. Se a discussão do tema fosse constante, a visão de muitos sobre o serviço museológico não seria a de que o museu apenas abriga/coleciona objetos antigos, traduzindo a ideia do “fetichismo”.

Outro ponto falho que identifico, que fomenta esse conceito “equivocado”, se deve ao ensino de Históría que tínhamos e temos nas escolas. A história por muito tempo (e alguns fazem isso até hoje) foi ensinada como sendo uma massa sem sentido de datas e fatos, que para o aluno, bastava decorar nomes de grandes heróis, e as datas dos grandes feitos. Não se problematizava a história, e não se ensinava/desenvolvia a noção e a consciência do “sujeito histórico”. O aluno saía da escola sem saber pensar históricamente, e logo, para ele, o museu não seria uma parte da história, e muito menos parte de sua história.

Formamos alunos que não sabem que fazem história. Quando a relevância do tema for obrigatória no currículo escolar (escolas e faculdades), estaremos rompendo com um paradigma de no mínimo cinco séculos. A não consciência do “eu histórico” desencadeia a famigerada situação de nossos patrimônios históricos (materiais/imateriais). Igrejas, museus, casas tombadas como patrimônio, alguns dos alvos de pichações. Muitos dirão: “Não! Não se trata de uma falta de consciência histórica, nem de um grito de rebeldia, mas sim de vagabundagem, falta de surra”. Talvez. Depende de como você quer encarar o fato. Prefiro acreditar que o “vagabundo” é assim não porque quer, mas sim pelas tantas lacunas existentes em nossa sociedade, que por sinal, reproduzem nosso sistema de ensino brasileiro. Enquanto não houver uma integração museu-escola-sociedade, continuaremos a mercê da expressão: “O que museu tem a ver comigo?”.

Bruno César Costa é estudante de História e estagiário do Museu da Energia de Itu.

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