Cultura

Publicado: Quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Por que Itu é "Fidelíssima?"

Entenda o contexto do apoio à Independência.

O título concedido por Dom Pedro I para as cidades de Itu e Sabará tem relação direta e exclusiva com o apoio das duas comarcas ao processo de Independência do Brasil.

Segundo a Dra. Rita de Cássia Lana, Doutora em Filosofia e especialista em patrimônio Histórico, este contexto atende a uma lógica de sobrevivência dos paulistas em relação ao “Estado” colonial português. Na época, após revoltas de escravos, uma inclusive em Itu, no ano de 1809, e o retorno de D. João VI à Portugal e a Constituição advinda de Lisboa, houve uma desconfiança dos homens livres, preocupados em perder vantagens obtidas durante a colonização, e escravos, desconfiados de que seus senhores escondiam uma suposta alforria. Havia uma divisão: quem defendia a Corte Portuguesa e quem defendia os Andradas (Itu e Sorocaba, entre outras).

“Com a decisão de D. Pedro I e de José Bonifácio de Andrada de chamar para o Rio de Janeiro Oyenhausen e outros desafetos, retirando-lhes o poder na Província de São Paulo, ocorre a "bernarda" de Francisco Inácio (movimento em 23 de maio de 1822, formado por uma tropa de sessenta homens e pessoas do populacho), visando opor-se às intenções do clã dos Andradas.”, explicou Lana.

A reação de Itu foi a de negar os pedidos de tropas para São Paulo, declarando não reconhecer o governo da província, que seria insubordinado, jurando lealdade somente à pessoa de D. Pedro I. Com o apoio de Sorocaba, São Carlos (nome de Campinas antigamente) e Porto Feliz, os ituanos criaram um centro de operações geral da comarca, fiel apenas à D. Pedro até que o novo governo tomasse posse.

"Tudo isto se passou entre maio e agosto de 1822, até que o Príncipe viesse pessoalmente apaziguar os ânimos e restaurar a normalidade na Província, o que acabou no episódio do Grito do Ipiranga e na proclamação da Independência. Portanto, a fidelidade de Itu antecede o episódio que deflagrou a guerra pela Independência", explicou a docente da UFSCar Sorocaba, que citou o Padre Feijó como uma das personalidades mais importantes ao longo do processo.

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