Bem estar

Publicado: Terça-feira, 14 de junho de 2011

Doar sangue: um gesto nobre que salva vidas

Apenas 1,8% da população do Brasil faz doações regulares.

Crédito: Camila Bertolazzi / Itu.com.br Doar sangue: um gesto nobre que salva vidas
Depois de coletado, o sangue é encaminhado para o Hemonúcleo de Sorocaba, onde são feitos testes sorológicos. E só depois ele é liberado

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Por Camila Bertolazzi e Guilherme Martins
 
Não engorda nem emagrece, não vicia, não enfraquece, não é desperdiçado, não transmite doenças e muito menos dói. Os mitos são muitos, mas o fato é que a doação de sangue é um ato simples e generoso, que pode salvar muitas vidas. Em 14 de junho comemora-se o Dia Mundial do Doador de Sangue, uma jornada para criar consciência sobre a necessidade de contar com sangue seguro, bem como para celebrar aqueles doadores voluntários graças aos quais muitas pessoas podem sobreviver e viver melhor. E no dia 25 de novembro comemoramos o Dia Nacional do Doador de Sangue, instituído em 1964 com o objetivo de valorizar a doação voluntária. Mas será que temos o que festejar?
 
De acordo com dados de 2008 do Ministério de Saúde, apenas 1,8% da população adulta do Brasil faz doações regulares de sangue, quando o ideal, conforme estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é que de 3 a 5% da população do país seja doadora. A gerente administrativa, Tatiana Cavazim, de 30 anos, faz parte desse pequeno grupo há mais de cinco anos, quando doou sangue pela primeira, e desde então já ajudou a salvar várias vidas. “Ser doador é não fazer distinção de credo, cor ou condição social, ser doador é cumprir nosso papel de amar o próximo como a si mesmo”. A jovem Rivihelen Moreira, de 22 anos, tem a mesma opinião. “Quando eu dou sangue, além de ajudar a salvar vidas, sinto um bem-estar muito grande. É também uma forma de me completar”, conta.
 
Uma pesquisa feita pela Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde registrou 3.337.823 doadores em 2006 e, no ano seguinte, esse número caiu para 3.307.346. “O sangue e seus componentes salvam muitas vidas, porém ainda existem medos, crenças e desconhecimento que evitam o aumento do número de doadores. Nem todos sabem que todo material utilizado na coleta do sangue é descartável, o que elimina qualquer possibilidade de risco de contaminação”, explica Dante Langhi Júnior, diretor administrativo da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH). Conheça os mitos e as verdades sobre doar sangue!
 
Doar sangue é um procedimento simples, rápido, sigiloso e seguro. Leia algumas orientações necessárias que visam proteger o doador e quem receberá o sangue! No Brasil, alguns procedimentos específicos são obrigatórios antes e depois da doação, a fim de prevenir complicações para o doador e contaminação para o receptor. O primeiro passo é a pré-triagem, quando é verificada a pressão, batimento cardíaco, peso, altura, temperatura e um rápido exame para ver se tem anemia. Concluída essa etapa, ele passa pela triagem, para detectar, através de um questionário, se o doador está em condições de doar.
 
Muitos voluntários são impedidos por não apresentarem condições de saúde ideais, ou simplesmente por estarem nervosos e com medo. O jornalista Rodrigo Gasparini passou por essa situação. “Há uns 10 anos fui até o Hospital Municipal de Salto para doar. Depois de medir a pressão arterial e responder um questionário sobre minha saúde e os cuidados com o corpo, fui orientado a não doar, pois aparentava estar nervoso, e provavelmente passaria mal depois da coleta”, conta.
 
Na última etapa, cerca de 450ml de sangue são coletados. Todas elas demoram, em média, 40 minutos. Depois de recolhido, bolsas de sangue são encaminhadas para o Hemonúcleo de Sorocaba, onde são feitos testes sorológicos, que avaliam se o doador tem doenças como sífilis, chagas, HIV, HTLV, hepatite B e C. Caso alguma delas seja detectada, o sangue é imediatamente descartado.
 
O Hemonúcleo de Sorocaba é referência em doação de sangue. Segundo a assistente administrativa, Silvia Correia Silva, o Hemonúcleo atende 48 hospitais da região e recebe, em média, 2.100 doações por mês, utilizadas em aproximadamente três mil transfusões. Todo o sangue doado é armazenado. Após a coleta, a bolsa é fracionada em componentes sanguíneos (concentrado de hemácias, de plaquetas e plasma). Silvia explica que dessa forma a bolsa de sangue é dividida de acordo com a necessidade do paciente. “Com uma só bolsa de sangue doada, nós podemos salvar até quatro vidas”.
 
Apesar de ações como as de Tatiana, Rivihelen, Ednilson e outros heróis do povo, Silvia faz um apelo aos doadores que se mobilizem nessa corrente do bem em prol das pessoas que estão necessitando. “A população precisa se conscientizar que o sangue doado é usado em cirurgias, emergências, pessoas com câncer, ou seja, é muita gente que precisa e depende desse sangue”. E completa: “o doador precisa ter consciência da importância da sua ação, e muito amor ao próximo. Porque ele vem aqui, doa e faz toda a diferença”.
 
Aos interessados, em Sorocaba, o horário para doação é de segunda a sábado, das 7h30 às 12h30, na avenida Comendador Pereira Inácio, 564, Vergueiro. Outras informações pelo telefone (15) 3332-9122.
 
E lembre-se: ao doar sangue você sente a satisfação de beneficiar outras pessoas que não têm outra opção. Elas dependem apenas do gesto de pessoas como você para se sentir melhor.
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