Opinião

Publicado: Quarta-feira, 21 de maio de 2008

Fábio Gandini: "Estância Turística sem eventos?"

Crédito: Arquivo Pessoal Fábio Gandini:
"O turismo é um negócio e, portanto, depende da realização de eventos para atrair visitantes para a cidade"
Surpresos e temerosos pelos destinos da Estância Turística de Itu, os responsáveis pelo Itusão, empresários e agentes do ramo de shows se mostram preocupados com a decisão do Promotor de Justiça do Meio Ambiente da cidade, Dr. Amaury Arfelli, em relação a sua decisão de, praticamente, inviabilizar a realização de eventos nas instalações daquela casa tão querida dos ituanos.
 
Vamos ponderar que o turismo é um negócio e, portanto, depende da realização de eventos para atrair visitantes para a cidade e nela beneficiar o comércio em geral como hotéis, restaurantes, lanchonetes, lojas de lembranças, transporte, etc., isto é, centenas de empresários envolvidos no segmento, o que colabora para a sustentabilidade de outra centena de empregos de ituanos.
 
Vamos lembrar também, que no momento em que o Comtur de Itu consegue trazer uma das mais importantes reuniões do “trade” turístico do Estado de São Paulo para a nossa cidade, realizada no dia 13 de maio nas instalações do Sincomércio, e cujos participantes colocaram como um dos pilares do turismo em cidades do interior a questão de bons hotéis, restaurantes, atrações locais, culturais ou ambientais, e também, principalmente, a permanente criação de eventos para atrair turistas, nos deparamos, agora, com uma Ação Civil Pública, provavelmente provocada por aspectos emocionais para atender a solicitação de 120 pessoas que residem no entorno do Itusão, porque os shows as aborrecem pelo elevado barulho.
 
No show realizado no domingo, dia 18, com a banda de pagode Sorriso Maroto, cerca de sete mil pessoas se divertiram no Itusão. No show da dupla Zezé De Camargo & Luciano, ano passado, foram milhares e milhares de participantes. Importante lembrar que os shows não são freqüentes e têm horário previsto para começar, aos sábados, até as 23 horas e aos domingos e dias da semana, termina às 23 horas.
 
Quanto a outras reclamações do abaixo-assinado das 120 pessoas, como o estacionamento irregular de carros e vandalismo no entorno, são problemas policiais. Além disso, os shows geram impostos para o município que deve oferecer a necessária segurança para todos, participantes e moradores, acionando os respectivos canais da polícia militar.
 
Ora, basta traçarmos um paralelo com outras modalidades de eventos como jogos de futebol, por exemplo, para notarmos a incoerência, pois seguindo a mesma linha de raciocínio, não poderíamos mais ter a equipe do Ituano disputando campeonatos no estádio Novelli Jr., pois lá, também, as torcidas fazem muito barulho, foguetório etc., mas tudo com horário definido.
 
Se for o caso, seria interessante, então, se providenciar um abaixo-assinado entre a população ituana permitindo que ela também se manifeste sobre a idéia de se proibir shows em Itu. Com certeza seriam milhares de pessoas aprovando a continuação dos eventos. Aliás, necessário explicar, que organizar e produzir um show no Itusão custa caro, exige o esforço de muita gente da produção e cria boa quantidade de empregos temporários, pois, um evento de qualidade envolve uma gigantesca agenda de ações. E, quem ganha com isso são os fãs da boa música, de rodeios e outros tipos de festas tanto os de Itu como, também, os de cidades vizinhas, que podem assistir alguns dos melhores artistas do Brasil se apresentando no Itusão.
 
Portanto, o Centro de Eventos José Gandini, além de medidas judiciais que serão tomadas, quer informar e demonstrar à promotoria do meio ambiente a importância da referida casa de shows para a cidade. Além disso, quando o Itusão foi construído, teve alvará de funcionamento e licenciamento da Prefeitura com o objetivo de realizar eventos e shows. Agora, depois de um investimento da ordem de R$ 2 milhões, a justiça argumenta que o local incomoda os moradores vizinhos pelo excessivo barulho. Na nossa opinião, isso não é justo, especialmente porque os shows, pelas dificuldades em seus aspectos econômicos e financeiros, já são cada vez mais raros. Até o final de 2008, há apenas quatro datas reservadas.
 
Por outro lado, é importante lembrar que o Itusão também é cedido à Prefeitura para a realização de alguns dos seus eventos tradicionais como o Dia da Consciência Negra, festa de aniversário da cidade, festas de Fundo Social, etc.
 
O objetivo maior dos proprietários do Itusão, inaugurado em 1997, não é causar prejuízos a quem quer que seja. Assim sendo, para demonstrar a maior boa vontade dos organizadores, já neste último show realizado, foram tomadas providências como a mudança da posição do palco, para reduzir o impacto do som nas redondezas e o encerramento do mesmo exatamente às 23 horas.
 
Estamos numa Estância Turística e todas as forças da sociedade, especialmente as pessoas ligadas ao poder público, precisam remar no mesmo barco. Concordamos plenamente que as minorias precisam ser respeitadas, mas no atual caso fica claro que há um exagero em relação à poluição sonora.
 
Fábio Gandini é empresário, proprietário do Itusão, entre outras empresas em Itu, como a Gandini Corretora de Seguros, Gandini Motos e a Gandini Lubrificantes.
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