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Publicado: Segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Partida das monções é revivida em Porto Feliz

Os espetáculos fazem parte da Semana das Monções de Porto.

Crédito: Arquivo de Porto Feliz Partida das monções é revivida em Porto Feliz
A população local mostra a história da partida da mais famosa das monções
A cidade de Porto Feliz reviveu por alguns instantes as emoções do século XVIII, quando os bandeirantes se lançavam em batelões às águas do rio Tietê, em direção a Cuiabá (MT). Durante quatro meses, eles buscavam ouro e desbravavam o interior do Brasil. Corriam enormes riscos e, não raras às vezes, morriam, causando dor e desamparo em mulheres e crianças que aguardavam ansiosamente pelo retorno. Eram as monções.
 
Em cinco palcos montados em diferentes pontos da cidade, os atores portofelicenses mostraram ao público como era a situação política e econômica do Brasil e de Portugal naquela época, além de retratarem a emoção da saída de uma monção. A população, por sua vez, participou do espetáculo em papel de destaque, caminhando pelas ruas do centro histórico de Porto Feliz, como faziam os habitantes do século XVIII.
 
No primeiro palco, montado em frente à Câmara Municipal, a encenação “A senzala (a benção para os esquecidos)” mostrou como era o dia da partida de uma monção para os negros escravos, pois não tinham a presença de capangas por perto e podiam viver plenamente sua cultura e sua religião.
 
O segundo palco, na praça São Benedito, tinha como tema “A população local (Rodrigo: um homem, uma monção)” e mostrava a história da partida da mais famosa de todas as monções, a que contou com a presença de D. Rodrigo César de Menezes, então governador de São Paulo. A aventura reuniu mais de 300 canoas e cerca de três mil pessoas.
 
Já em frente ao Museu das Monções foi montado o terceiro palco, com o espetáculo “A corte”. No local, os atores mostraram o deslumbre da corte portuguesa ao receber as riquezas do Brasil. Dom João V e seus súditos gastavam o tempo com vinhos e festas, comemorando o ouro que vinha de terras brasileiras e aguardando a chegada de mais uma monção. Antes de ser enviado a Portugal, o ouro trazido pelos monçoeiros passava pela alfândega.
 
No Largo da Penha, em frente à sede da Guarda Civil Municipal, estava o quarto palco, com a encenação “Os viajantes (coração bandeirante)”. Eram os momentos finais antes dos homens se dirigirem às margens do Tietê para o início da aventura. O desespero de mulheres e crianças, o carregamento dos batelões com armas, munições e comida, as lendas sobre o rio, a coragem dos bandeirantes e a benção do padre foram retratadas em cenas emocionantes.
 
Em todos os palcos, um personagem Bobo da Corte explicava sobre o contexto histórico do que seria apresentado e, ao final do espetáculo, convidava as pessoas para a peça seguinte, indicando a direção. Em cada um dos locais houve três apresentações, com intervalos de meia hora, possibilitando que atores e público chegassem juntos ao cenário da última encenação, o Parque das Monções.
 
Lá, já com o cair da noite, uma estrutura especial de som, luz e arquibancadas foi montada. E todos os participantes dos outros quatro espetáculos fizeram a encenação denominada “A partida”. No mesmo local de onde saíam os bandeirantes e que serviu de inspiração para o nome da cidade, os artistas locais retrataram a intensa movimentação que havia na saída de uma monção, as despedidas e as incertezas sobre a volta. Munidos de tochas, os atores entraram em barcos representando os batelões e navegaram por alguns minutos pelo rio Tietê.
 
A encenação foi abrilhantada pela Orquestra Monções e pelo coral Ad Libitum, ambos da Escola Municipal de Música Romário Antonio Barbosa. O ponto alto foi a presença do autor e diretor teatral Emilio Fontana Filho, que cantou a música “Coração Bandeirante”, de sua autoria.
 
Entre atores, elenco de apoio e equipe técnica, mais de 300 pessoas estiveram envolvidas no evento.
        
Chegada da monção

No próximo sábado, dia 13 de outubro, às 20h, um grande espetáculo no Parque das Monções vai mostrar a chegada dos bandeirantes, já que Porto Feliz teve importante papel histórico e faz parte do Roteiro dos Bandeirantes. Antes, às 19h, atores sairão com tochas de quatro bairros da cidade (Vila Progresso, Bambu, Vila Angélica e Vila América). Eles se encontrarão no Largo da Penha e descerão juntos pelas escadarias do Parque das Monções, aguardando a chegada dos bandeirantes, que virão pelo rio Tietê para a peça “A chegada (o infortúnio de uma monção)”.
 
Baseado na história real da monção coordenada por Lanhas Peixoto, em 1730, o espetáculo mostrará a chegada noturna e inesperada de uma monção que sofreu ataque dos índios e no qual vários bandeirantes morreram. A peça vai retratar como era dura a jornada de um monçoeiro, que muitas vezes trazia o ouro manchado de sangue, como o do jovem que é recebido morto nos braços da mãe.
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