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Publicado: Sexta-feira, 15 de junho de 2007

Rua Paula Souza

Rua Paula Souza
Paula Souza - um homem à frente de seu tempo

Antonio Francisco de Paula Souza nasceu em Itu, em 1843, em uma família tradicional de cafeicultores e de influentes políticos.

Sua história não se limita somente à história de Itu; ele obteve destaque em vários ramos, incluindo a participação na fundação da Escola Politécnica de São Paulo. Paula Souza era filho do médico Antonio de Paula Souza e Maria de Raphaela, filha do Barão de Piracicaba. Seu pai foi ativo na política imperial, tendo sido deputado da província paulista, ministro da Agricultura (1864) e, posteriormente, engajado na luta abolicionista. Foi o autor do primeiro projeto para se abolir o trabalho servil no Brasil.

O jovem Francisco parece ter herdado as qualificações liberais de influência européia de seu pai. Sua idéias podem ser atribuídas, em parte, a sua experiência no exterior, já que aos 15 anos mudou-se para Dresden (Alemanha) juntamente com seus tios, retornando ao Brasil apenas em 1861.

Também estudou na Polytechnikum Universidade de Zurik (Zurique, Suíça), morou em Milão (Itália) e Karlsruhe (Alemanha). Nesse meio tempo, desenvolveu seu lado político, tendo escrito o livro República Federativa do Brasil (1869), e, no mesmo ano, mudou-se para os EUA. De volta à Europa, casou-se na Suíça com Ada, com quem retornou ao Brasil.

Utilizou seu conhecimento técnico na direção da construção da Estrada de Ferro Ituana (Itu/Piracicaba) e da estrada de Ferro Rio Claro/São Carlos.

Contudo, já na segunda metade do século XIX, estabeleceu-se definitivamente em Itu, dividindo o cargo de inspetor da Estrada de Ferro com atividades políticas, sobretudo republicanas, estando diretamente envolvido com a Convenção Republicana.

Após a Proclamação da República, foi presidente da Câmara Estadual, Ministro das Relações Exteriores e Ministro da Agricultura.


Riqueza no passado e no presente
Oficialmente, a Rua Paula Souza é a mais antiga do centro velho de Itu. E sua fama é completada por destacados estabelecimentos que nela se encontram, como o nacionalmente conhecido Bar do Alemão, e vários antiquários que fazem a festa de turistas, principalmente aos finais de semana.

Atualmente, a Rua Paula Souza se estende da praça da Matriz até a praça do Bom Jesus, primeira igreja erguida em Itu, então para a ser a matriz local, pela família Domingos Fernandes.

Os documentos históricos que tratam das características urbanas da vila de Itu classificam a Rua Paula Souza (inicialmente chamada de Rua Direita) como uma das importantes remanescentes do século XVII, sendo que referências a ela datam da década de 1650, ligando a então capela de Nossa Senhora da Candelária e o primeiro núcleo habitacional local.

Sua primeira referência em uma planta oficial da vila de Itu data de 1774. Ou seja, ponto de partida obrigatório para quem deseja viajar pela história ituana.
Outro aspecto que confere importância à Paula Souza é que esta foi o ponto de partida para o povoamento de Itu, pois a partir dela se expandiu para outras áreas centrais.

Em 1790 a então Rua Direita contava com 27 casas estabelecidas, 85% delas pertencentes a famílias com relevantes posses, entre fazendeiros, donos de engenhos e proprietários de escravos o que conferia status na época.

Nas décadas posteriores, as casas e estabelecimentos cresceram entre residências e casas comerciais. Em 1824, o censo local aponta 42 casas, a maioria voltada a atividades comerciais, desde profissionais liberais até comerciantes de escravos.

Fazendo uma ponte com a Rua Floriano Peixoto, nota-se claramente que, como ponto de partida para a expansão da vila ituana e por ser ligação com a matriz (hoje Bom Jesus), a rua Direita/Paula Souza seguiu um caminho de prosperidade desde o início, estando ladeada sempre por pessoas de posses e de comércio rico.

Se hoje a Paula Souza é referência àqueles que buscam a famosa parmegiana do Bar do Alemão, ou visitam os antiquários, no passado ela também foi um dos maiores núcleos de Itu e região no que se referia à atividade econômica.

Nela foi inaugurada, em 1869, a primeira fábrica de tecidos a vapor da província de São Paulo, justamente na esquina da atual Praça Dom Pedro I (antigo pátio de São Francisco). Hoje, seu prédio, de características inglesas, abriga a Prótur, associação dedicada à promoção do turismo local, uma cafeteria e uma área para exposição ou para eventos diversos.

Além de impulsionar de forma geral a economia ituana e regional, a Fábrica de Tecidos São Luís ainda promoveu o aumento da populacional na Rua Direita/Paula Souza; no início do século XX, a rua contava com 68 construções, com mais de 300 habitantes.
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