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Publicado: Sexta-feira, 27 de abril de 2007

Bento XVI, Pastor do Rebanho de Cristo, no Brasil

Bento XVI, Pastor do Rebanho de Cristo, no Brasil
A festa do Bom Pastor, celebrada neste 4º Domingo da Páscoa, nos lembra, de imediato, a visita do Sucessor do Apóstolo Pedro ao Brasil nos próximos dias. Convocados pela Igreja para nos unirmos numa corrente mundial de oração em favor das vocações sacerdotais, o povo brasileiro reza também pelo Papa e pelo êxito de sua peregrinação entre nós.
 
A Igreja vê no ministério petrino a forma mais forte e expressiva da figura do Bom Pastor que conduz seu rebanho através da história, símbolo e construtor da unidade, Ele que afirmou “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,28) e ainda “Que todos sejam um como eu e o Pai o somos” (Jo 17,11).
 
O Papa, para os que crêem, não é somente um líder religioso, mas o continuador do ministério de Cristo, não como seu sucessor, pois Cristo não tem sucessores, mas como instrumento de perpetuação da ação e da pregação deste mesmo Cristo, o Bom Pastor das ovelhas.
 
Desde o dia 19 de abril de 2005, é Bento XVI que, pelos desígnios do Espírito Santo, exerce em favor de toda a Igreja o ministério de Pastor universal do rebanho de Cristo, em unidade com o colégio dos bispos.
 
Quando, naquele dia, o cardeal Medina assomou-se à sacada da Basílica Vaticana para anunciar o Habemus Papam, a multidão na praça de São Pedro ovacionou. Aquela gente não sabia ainda o nome do eleito, mas estava certa de que Deus já provera novo Pastor para a sua Igreja.
 
Pronunciado o vocativo Josephus Ratzinger, novos e vibrantes aplausos ecoaram, embora, em partes do mundo, alguns desejassem ver outro resultado do rapidíssimo Conclave. Certamente, opiniões são mais que naturais num universo de cerca de um bilhão de católicos.
 
Porém, a primeira aparição do novo Papa, ainda meio desajeitado dentro das vestes pontifícias, as primeiras resistências já foram vencidas, ao ouvir a voz de tenor daquele apóstolo dizer em sotaque alemão: “Caros Irmãos e Irmãs, como sucessor do grande João Paulo II, os cardeais elegeram a mim, um simples e humilde trabalhador da vinha do Senhor”.
 
Herdeiro no sólio de um pontífice carismático que durante 27 anos conquistou a simpatia e o aplauso do mundo, até mesmo dos não católicos e dos não cristãos, era natural que o novo Sucessor de Pedro tivesse de esperar um período de transição até ser melhor conhecido.
 
Não lhe estranharia também que, como único chefe universal de meio-mundo de fiéis, lhe viessem posteriormente críticas e análises, às vezes apressadas, de suas posições que, na verdade, em nada divergiriam de seu predecessor, a quem viu tantas vezes alvejado de opiniões contrárias. Mas isto não é nenhuma novidade na história dos grandes líderes determinados a defender princípios inalienáveis.
 
Quanto à acolhida, o que se percebe ao final de dois anos corridos desde o Habemus Papam, é que muito mais rapidamente que se podia imaginar, o 264º sucessor do Apóstolo Pedro já tenha hoje uma aceitação tão calorosa por todas as partes, incluindo a juventude com mil formas de adesão filial, até mesmo na Internet.
 
Sem dúvida, chamou a atenção de todo o mundo, sobretudo o mundo intelectual, a rápida alteração das críticas de Hans Küng, teólogo suíço punido por Ratzinger desde 1979 por causa de afirmações contrárias à fé, que foi recebido por Bento XVI dentro de poucas semanas após a eleição. Depois do colóquio que durou cerca de quatro horas, o polêmico teólogo saiu certamente modificado e os jornais do mundo inteiro conheceram suas palavras de inesperados elogios ao novo Pontífice.
 
Do lado oposto, o franco e fraterno diálogo do Papa com os também polêmicos seguidores de Lefebvre, bispo ultra-conservador que negou o Concílio Vaticano II, levou a uma renovada relação com evidências de um espírito de acolhimento a pessoas que se prendem a compreensões particularizadas, convidando-as livremente à unidade.
 
Da mesma forma, prossegue sem esmorecimentos o diálogo com segmentos religiosos não cristãos, o que se evidenciou em sua primeira viagem à Alemanha, na ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em agosto de 2005, quando fez questão de encontrar-se com os judeus e foi pessoalmente à Sinagoga mais antiga do País.
 
Quando seus passos avançaram sobre os tapetes do salão principal, um frêmito e um silêncio místicos dominaram a respiração dos presentes ao ouvir o coro cantar Shalom aleichem (A Paz esteja convosco), a saudação própria do povo judaico usada também por Cristo no encontro com seus discípulos no dia da Ressurreição.
 
Na sua fala, o Papa condenou categoricamente o nazismo, sombria página da história de sua Pátria. Ao abraço caloroso e sincero entre o chefe da Catolicidade e o jovem Rabino que o saudou, seguiu-se uma ovação que durou o tempo dos longos aplausos no grand finale de um concerto de altíssimo nível.
 
Também o encontro com os muçulmanos a quem o Papa chamou de irmãos, reconhecendo neles a adoração ao mesmo Deu
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