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Publicado: Quinta-feira, 27 de março de 2008

Saúde é o que interessa

Saúde é o que interessa
Uma notícia que me deixou perplexo foi a veiculada na edição do último dia 17 de março de 2008 na Folha de São Paulo – Caderno Cotidiano, em que um projeto do Ministério da Saúde previa um forte aumento no preço dos maços de cigarro, como forma de reduzir o consumo.
 
O INCA – Instituto Nacional de Câncer quer o preço a R$ 5,00 enquanto a Receita Federal defende um valor de R$ 1,74.
 
No ano passado os brasileiros fumaram 150 milhões de cigarros. Deste total 39 milhões (26%) são oriundos de contrabando e 20 milhões (18%) são de empresas brasileiras que não pagam impostos.
 
Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde o aumento de preços é a forma mais simples e eficaz de reduzir o consumo.
 
Uma simples elevação de 10% nos preços provocaria uma redução de 8% no consumo.
As doenças causadas pelo fumo matam cerca de 200 mil pessoas por ano no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, quatro vezes mais que as mortes por homicídio.
 
Temos que lembrar que antes da morte, há o sofrimento profundo causado pelo cigarro naqueles que contraem câncer de garganta, de boca, efizema pulmonar, bronquites, etc.
 
Um estudo realizado por Márcia Pinto, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, estima que o SUS gasta cerca de R$ 338 milhões a mais para tratar 32 moléstias que vem do hábito de fumar (Estadão de 17/03/2008).
 
Este valor ainda está sub-avaliado, segundo a autora, porque analisou apenas os custos de internação e quimioterapia, mas o tratamento das doenças respiratórias e cardíacas envolvem normalmente várias internações e remédios.
 
O cigarro foi considerado, durante muito tempo, como símbolo de status. Hoje se sabe que é um dos piores inimigos da saúde e tornou-se o maior problema de saúde pública mundial.

O fumo pode ocasionar doenças isquêmicas do coração, isquemias ou hemorragias cerebrais, doença pulmonar obstrutiva crônica, cânceres de pulmão, boca, laringe, esôfago e bexiga.

As pessoas que convivem com quem fuma são conhecidas como “fumantes passivos”. Crianças expostas à fumaça são propensas a problemas respiratórios agudos.
 
O preço do cigarro no Brasil é um dos mais baixos no mundo. Só para se ter uma noção, um maço do Malboro era em 2001 o segundo mais barato no mundo, numa pesquisa feita em 87 países.
 
O preço baixo do cigarro é conseqüência da redução dos impostos a partir de 2000, com o objetivo de reduzir o contrabando, segundo a Receita Federal.
 
O Brasil foi o único país do mundo que conheço a abaixar impostos de cigarros e essa redução não serviu para combater a ilegalidade, diz Iglesias Professor da PUC-RJ.
 
Estudo feito pela FIPECAFI-USP estima que o Brasil perdeu cerca de U$ 18 bilhões de dólares com a redução do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados entre 2000 e 2007.
 
O mais estranho em tudo isso é que os impostos não param de crescer em nosso país. Já temos o slogan de Brasil País dos Impostos, pela voracidade e ganância do governo, mas o setor tabagista foi contemplado com essa redução de impostos.
 
Os números mostram que o contrabando se mantém estável e os gastos com saúde – prevenção e tratamento tendem a aumentar e nós sabemos como é a saúde pública no Brasil.
 
Deveria se desestimular o consumo de cigarros entre os jovens e os menos esclarecidos, porque no futuro os gastos para o governo cuidar da saúde desse contingente de fumantes é muito alto.
 
O problema é que sabemos que o Governo não cuida da saúde dos seus conveniados. Vale a pena lembrar do caos da febre amarela, da dengue no Rio de Janeiro, e o que vemos é apenas os governantes municipais, estaduais e federais jogarem a culpa uns nos outros, sem caírem na real de que a culpa pertence a todos eles, pela sua incompetência e descaso com a saúde pública.
 
O número de mortes confirmadas por dengue no Estado do Rio chegou a 54, metade delas de crianças entre 2 e 13 anos, informou ontem a Secretaria Estadual da Saúde. Outras 60 mortes suspeitas ainda estão sendo investigadas.
 
O diretor do Centro Pediátrico da Lagoa, Manoel Carvalho, disse nunca ter visto uma epidemia de dengue que tenha atingido tanto as crianças quanto a deste ano. "Esta é uma coisa que a gente nunca viu e não tem nenhum sinal de que vá arrefecer", afirmou.

Segundo Carvalho, não há leitos suficientes para os pacientes que já estão com confirmação de dengue
A Saúde deveria ser um dos itens mais importantes dentre aqueles que compõem as obrigações do governo: saúde, educação, segurança, saneamento básico, etc. Mas o que vemos são propagandas do PAC, que poderia se chamar também PEDIDO DE AJUDA DOS CONSUMIDORES OU PEDIDO DE AUXÍLIO DOS CONTRIBUINTES.
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