"Preamar" repete truques de telenovela, mas é novo acerto da HBO
Série abusou da obviedade na reta final.
Leandro Ferreira
Por Leandro Sarubo
“Preamar”, série da HBO criada e roteirizada por Estevão Ciavatta, encerrou sua primeira temporada com elevados índices de audiência e uma boa impressão: é, sim, possível produzir no Brasil algo mais interessante no escopo da teledramaturgia.
A jornada de João Velasco, cacique do setor financeiro que perde tudo e aposta suas fichas no comércio informal das praias do Rio de Janeiro, tem tiro curto. São 13 episódios, como a maioria das produções do Mid-Season americano. Além desta migração do executivo, a série aborda sua família, um ensaio sobre a alta sociedade carioca: uma filha entre a inocência e a vontade de se libertar, a esposa fútil, e o filho, típico playboy, que resolve se meter com o tráfico de drogas – e acaba detido.
No início, o desenvolvimento é exemplar. Personagens e arcos são apresentados cuidadosamente. O sprint final, porém, abandona a boa forma, com direito a capítulo de encerramento nos moldes das telenovelas, cheio de desfechos acelerados e um tanto óbvios. Um fator que incomoda, mas não o suficiente para comprometer a história.
Mesclando nomes conhecidos, como Roberto Bonfim e Leonardo Franco, e “anônimos”, o elenco foi outro destaque positivo da série. Thiago Amaral, intérprete de Pepete, amigo moderninho de Fred, filho de Velasco, fez um excepcional trabalho, apesar de inexplicavelmente ter desaparecido da produção na reta final. Além de manifestar diversas qualidades que jamais repararíamos em seu trabalho na TV aberta, a novela teen “Rebeldes”, ele demonstra controle total em suas cenas.
"Preamar" não tem confirmanda sua segunda temporada. A julgar pelo oferecido até aqui, merece.