O tempo não tira o brilho de "O Segredo de Brokeback Mountain"
Drama tem versões em DVD e Bluray.
Leandro Ferreira
Por Leandro Sarubo
A resposta correta, claro, é a terceira. Discussão combina com ideias. Valores.
“O Segredo de Brokeback Mountain” não é um ensaio sobre a vida. Está longe disso. No entanto, poucos foram os filmes que conseguiram transmitir uma mensagem tão sutil de convivência e respeito.
Lançado em fevereiro de 2006 durante o turbilhão de críticas sobre sua indicação ao Oscar de Melhor Filme, Brokeback foi considerado propaganda arrogante para a causa homossexual por abordar o amor entre dois caubóis, símbolos da masculinidade americana.
Pois bem. O filme não é propaganda gay. A escolha por dois homens, claro, tem muito a ver com a repercussão que isso causaria. Funcionou. O filme de 14 milhões de dólares arrecadou mais de 180 milhões. Mas existe ali, camuflada, a necessidade dos personagens de Jake Gyllenhaal e Heath Ledger.
Em um trabalho, eles se isolam no lugar que batiza o filme. Ficam muito amigos. Se relacionam. Mesmo conscientes da relação que possuem, arrumam esposas e tentam viver alheios ao que sentiram anos atrás. Não conseguem e começam a se encontrar novamente. Uma das esposas descobre – até então, só o homem que contratou o serviço deles sabia da relação e, claro, não gostava muito. O segredo vira tribunal.
A cena da morte de Jack Twist (Jake Gyllenhaal) é perfeita. Ennis Del Mar (brilhantemente interpretado por Heath Ledeger) telefona para a casa de Jack. É informado que o amigo faleceu. Conforme a descrição de um acidente é apresentada, as cenas da execução de Jack são exibidas, em um raro momento de genialidade de Ang Lee.
Ennis, a esta altura solteiro, vai até a casa de Twist. Encontra uma família amargurada, vazia. A mãe o leva até o quarto do filho. Permite que ele leve a camisa manchada de sangue, lembrança do início do relacionamento de ambos. No fim do filme, chora pela solidão e por ter traído o que sentia.
O preconceito é isto. Impedir a identidade dos outros. Roubar a personalidade alheia. Fustigar a liberdade. “O Segredo de Brokeback Mountain” é só mais um romance americano. Com final triste e drama bem alinhavado. Uma jornada intimista e, ao mesmo tempo, explícita sobre a intolerância que prende e sufoca pessoas, independentemente de suas características, crenças ou diferenças.