Gagueira é tema central de filme indicado ao Oscar

Baseado em uma história real, o filme O discurso do rei aborda um problema que afeta cerca de 2 milhões de brasileiros. No enredo, o Duque de York é gago e sofre com preconceito e humilhação ao tentar se comunicar com o seu povo.

O filme, aclamado pela crítica especializada, tem recebido apoio e elogios de especialistas na área. O doutor Gerald Maguire, psiquiatra e professor da Universidade da Califórnia, também sofre com a gagueira e pesquisa sobre o tema. Ele afirma que a produção realmente captura a tensão e o medo dos gagos ao falar e também expõe a frustração deles ao buscarem ajuda e alívio para os seus sintomas.

”Este longa-metragem finalmente oferece à sociedade uma representação realista e madura da gagueira e tem o potencial de remover boa parte dos preconceitos e estereótipos que foram se acumulando em torno do distúrbio”, explica Ignês Maia Ribeiro, fonoaudióloga e Presidente do Instituto Brasileiro de Fluência (IBF).

Apesar da representação realista do distúrbio, o filme se passa na década de 1930 e reflete apenas as formas de tratamento da época. Desde então, pesquisas têm elucidado as causas e a natureza da gagueira e, hoje, é amplamente aceito na comunidade científica que o distúrbio tem origem neurológica, e não psíquica, como se pensava na época.

“Estão presentes no filme exercícios respiratórios e rítmicos, assim como ocorre em tratamentos atuais. Contudo, muitos procedimentos equivocados e maléficos (...) também são mostrados”, escreveu a Dra. Ana Flávia L. M. Gerhardt, também do IBF, em artigo recente.

Apesar de todo o progresso científico, a gagueira continua a afetar profundamente a vida de quem sofre com este problema. Mas “hoje sabemos que a gagueira possui causa biológica e, a partir deste conhecimento sobre sua verdadeira origem, os métodos de tratamento estão cada vez mais efetivos”, afirma Ignês. Confira abaixo o trailer do filme: