Cinema

Publicado: Quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Eu sou a lenda

Leia a crítica do primeiro filme de suspense de Will Smith!

Eu sou a lenda
"Contracenando apenas com uma cadela da raça Pastor Alemão chamada Samantha durante quase todo o filme, Smith não se deixa ofuscar pela grandiosidade dos efeitos visuais..."
Por Guilherme Martins
 
Em 2000, o diretor Robert Zemeckis abriu uma nova gama de possibilidades para o cinema com o filme Náufrago, que trazia Tom Hanks como um funcionário da FedEx que sobrevive a um acidente aéreo e fica numa ilha durante anos. A novidade ficou por conta do fato de Hanks estar sozinho em cena durante quase todo o filme. Ator e diretor foram aclamados pela crítica por conseguirem prender o espectador durante toda a projeção.
 
Conseguimos perceber que para um filme ser bom basta ter um roteiro amarrado e convincente e um ator que segure as rédeas. É exatamente o que ocorre em Eu sou a lenda. No filme, o excelente ator Will Smith interpreta o cientista militar Robert Neville, último ser humano vivo na Terra depois da disseminação de um vírus que transformou as pessoas em criaturas carnívoras e com sensibilidade à luz solar. No início somos informados que a cura do câncer foi descoberta, então somos transportados para três anos após, numa Manhattan abandonada, com ruas e prédios vazios e sendo, aos poucos, devolvida à natureza. Logo cremos que algo deu errado. Imune ao vírus por razões desconhecidas, Neville tenta descobrir uma cura, encontrar outros sobreviventes e, ao mesmo tempo, manter-se vivo. Durante o dia ele sai até a cidade para colher mantimentos e interagir com manequins posicionados estrategicamente para tentar (em vão) diminuir sua solidão. E à noite ele fica em uma residência fortificada, escondido das ameaças das “criaturas das trevas”. É nesse cenário apocalíptico que Will Smith se destaca como um ator versátil e competente.
 
Smith sempre foi considerado um ator de filmes de ação e humor, como MIB e Bad Boys. Posteriormente, em 2006, protagonizou um comovente drama chamado À procura da Felicidade, em que interpreta Chris Gardner, um homem que luta para conquistar seu “lugar ao sol” e criar o filho Christopher, de 5 anos, interpretado por Jaden Christopher Syre Smith (filho de Will Smith na vida real). Com essa atuação, Smith chamou a atenção dos críticos para o seu verdadeiro talento interpretativo. Agora, em Eu sou a lenda, ele deixa a prova maior de que é um ator completo.
 
Contracenando apenas com uma cadela da raça Pastor Alemão chamada Samantha (Sam) durante quase todo o filme, Smith não se deixa ofuscar pela grandiosidade dos efeitos visuais e nos convence de que é extremamente capacitado para atuar em qualquer tipo de filme. Em certos momentos, a depressão e sofrimento do ator são tão palpáveis que o espectador sente até vontade de entrar em cena para abraçá-lo e dizer “fique calmo, tudo vai ficar bem”.
 
Não entenda mal, não estamos diante de um drama. Muito pelo contrário. Trata-se de um terror tenso e frenético. Com seqüências que vão fazer você roer as unhas até os ossos. Os efeitos visuais são extremamente realistas e nos convencem que estamos diante de uma cidade deserta. Outro fator que vale a pena salientar é a participação de Alice Braga (sobrinha da atriz Sônia Braga), ainda que num papel pequeno, ela consegue passar o sentimento que sua personagem exige.
 
Sem dúvida só a atuação primorosa de Will Smith já vale a locação do filme. A versão para as locadoras também é composta de um dvd duplo com um final alternativo menos trágico.
Comentários