Estreia de Ashton Kutcher revela regressão de Two And A Half Men
Ator empresta carisma, mas não compensa roteiro fraco.
Tamara Horn
Por Leandro Sarubo
A saída de Charlie Sheen não fez bem para Two And A Half Men. O primeiro episódio da nova temporada revelou uma série sem roteiro, com elenco reticente e, mais grave, totalmente distante de sua proposta: fazer rir.
O show tem como start a despedida de Charlie Harper, até então o argumento mais forte para a existência do programa. No que pareceu ser uma infantil demonstração de ressentimento por parte do criador da série, Chuck Lorre, várias piadinhas nababescas foram perfiladas, em interpretações dignas de teatro amador. Para piorar, as únicas tiradas razoáveis, relacionadas ao caixão fechado do personagem, foram baseadas em um episódio da sexta temporada. Era possível criar algo melhor nesses meses todos, não?
O show de horror continua assim que a vinheta de abertura é apresentada e os personagens seguem para Malibu. As discussões sobre a venda da casa de Harper só valem pelas breves interações entre Evelyn, personagem de Holland Taylor, e Berta, de Conchata Ferrell. Infelizmente, elas aparecem pouco, sobrecarregando Jon Cryer, intérprete de Alan.
A aparição de Ashton Kutcher ocorre no meio do episódio. Após uma tentativa de suicídio, ele surge na sacada da residência e começa a relatar seus problemas amorosos, causa de toda a melancolia que sente. Tudo é extremamente raso e inconsistente, com piadas fracas disparadas em ritmo intenso. O tiroteio fica pior quando constatamos que Ashton Kutcher não consegue interpretar outro papel que não seja ele próprio. Kutcher é o Ernest do século 21.
Em relação aos índices de audiência, a série convenceu, e convenceu bem. Cerca de 27 milhões de pessoas sintonizaram a CBS, dona do programa. No horário, concorrentes de peso, como Hell’s Kitchen e o hit Dancing With Stars foram atropelados. Mais surpreendente foi o efeito cascata promovido por Two And A Half. Exibido na sequência, 2 Broke Girls teve 19,1 milhões de telespectadores, média elevadíssima.
Se os números vão se sustentar? Improvável. Não existe interesse e devoção que expliquem 30 minutos perdidos semanalmente em frente a um televisor. E assim vamos conhecendo o sucessor de Dharma & Greg.