Cinema

Publicado: Segunda-feira, 29 de março de 2010

Cinema Paradiso

Leia a crítica desta linda ode ao cinema!

Cinema Paradiso
O filme revela que poucas pessoas têm a sorte de encontrar amigos verdadeiros que nos ensinam lições que carregamos para o resto da vida

Por Guilherme Martins

De quantos prêmios um filme precisa para poder ser qualificado como uma obra-prima excelente e irretocável?

Este que vou comentar ganhou o Oscar e Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro (1990); recebeu o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes (1989); indicado à Palma de Ouro; vencedor do Prêmio César, da França, nas categorias de Melhor Pôster e indicado a Filme Estrangeiro (1990); indicado na Academia Japonesa de Cinema (1991) também em Melhor Filme; vencedor de Melhor Música à Ennio Morricone, no Prêmio David di Donatello, na Itália (1989); do BAFTA, no Reino Unido (1991), venceu nas categorias de Melhor Ator (Philippe Noiret), Melhor Ator Coadjuvante (Salvatore Cascio), Melhor Filme em Língua Não Inglesa, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Roteiro Original, além de indicado nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Diretor, Melhor Edição, Melhor Maquiagem e Melhor Direção de Arte.

O filme em questão é o italiano Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso, de 1988), do diretor Giuseppe Tornatore.

A obra conta a história de Salvatore di Vita (interpretado pelo ator Jacques Perrin – quando adulto), um cineasta bem-sucedido que vive em Roma. Um dia ele recebe um telefonema de sua mãe avisando que Alfredo (docemente interpretado pelo ator Philippe Noiret) está morto. A menção deste nome traz lembranças de sua infância, fazendo-o voltar a cidade natal trinta anos depois, para relembrar, dentre muitas coisas, do Cinema Paradiso, para onde Salvatore, então chamado de Totó (interpretado pelo fofíssimo e prodígio ator Salvatore Cascio), fugia sempre que podia, e fazia companhia a Alfredo, o projecionista.

Já assisti a incontáveis filmes na minha vida e reconheço que sempre acho algum defeito ou algo que poderia ser aprimorado ou retocado. Porém, a obra italiana não me permitiu essa possibilidade, já que não há absolutamente nada que eu mudaria no filme.

Trata-se de um longa que é belo aos olhos dos espectadores, mas ainda mais magnífico aos olhos dos eternos amantes da sétima arte. Cinema Paradiso é a mais fina homenagem ao cinema clássico que poderia existir, pois mostra o efeito e influência dessa arte nas pessoas.

Devo dizer que ao assistir o filme, encontrei muitas semelhanças com a minha vida pessoal. Aprendi a amar, apreciar, respirar, viver e sentir cinema através do meu avô, que sempre que podia me levava, desde criança, e me ensinou, através de sua eterna amizade, a paixão que a sétima arte poderia aflorar em uma pessoa.

Hoje, com 22 anos, sou eu quem o leva ao cinema, e não mais para ver desenhos, mas para assistir os filmes com os mestres de Niro, Paccino, Nicholson, Scorcesse, Tarantino, Eastwood, Spielberg, entre outros que tanto amamos. E sempre quando o filme acaba e as luzes se acendem, basta uma troca de olhares sem palavras para transmitirmos a gratidão de podermos ter visto mais um filme juntos. E ao longo do caminho de volta pra casa, sempre conversamos sobre o filme e comentamos cada detalhe. E é quando ele habitualmente me diz: “Olha Guilherme, quem não gosta de cinema não é bom da cabeça”, e eu concordo rindo.

Tive a feliz oportunidade de assistir Cinema Paradiso ao lado dele. E ao terminar o filme pude abraçá-lo e dizer que seria eternamente grato por ele ter sido o meu “Alfredo” e por ter me mostrado o mundo através da nossa paixão mútua pelo cinema.

O filme é mágico e revela que poucas pessoas têm a sorte de encontrar amigos verdadeiros que expandem o nosso horizonte e nos ensinam lições que carregamos para o resto da vida. É uma ode ao cinema e, mais do que isso, uma mensagem de amizade aos milhares de “Alfredos” que, assim como no meu caso, fizeram aflorar e arder o pequeno Totó que existe dentro de cada um de nós.

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