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Publicado: Terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Yes, temos dinossauros! - Os Dinos na Oca

A oca é um pavilhão grande, de concreto, pintado de branco, em frente ao famoso pavilhão da bienal (no parque do Ibirapuera, na cidade de São paulo), com formato de uma ... oca. Gigante. Funcionava alí o Museu da Aeronáutica. Há algum tempo, o museu foi desativado e a Oca passou a servir de sede a exposições temporárias. Desde 26 de janeiro deste ano, ali estão hospedados alguns ilustres visitantes de um passado distante. Alguns vieram do Brasil mesmo, outros da África, outros ainda, da América do Norte. Viajaram muitos milhares de kilômetros para chegar a São Paulo. Mas essa distância nem se compara com a viagem que fizeram no tempo, desde que pisaram pela primeira vez sobre a Terra, há muitos milhões de anos atrás ...

Do nosso ponto de vista, pessoas do século XXI, quem viaja no tempo somos nós: nossa viagem começa ao se adentrar à Oca. Logo depois de assar pelas catracas da entrada, inicia-se uma viagem para trás no tempo, desce-se por uma rampa até se chegar ao subsolo, onde residem seres de um outro mundo - digo, de uma outra era. Um mundo extinto (extinto mesmo ? tudo me leva a crer que não) de seres fabulosos, monstruosos, sinistros! Seres de mais de cinco metros de altura, de mais de 20 metros de comprimento da cabeça à ponta da cauda. (Meu Deus! E se eles escaparem do subsolo ? E se invadirem o parque do Ibirapuera ? Enfim, teríamos o nosso Jurassic Park!)

Não, (in)felizmete eles não estão realmente vivos. Só o que sobrou deles foram os ossos, o esqueleto, nem sempre completo, de um ser maravilhoso, enorme, que andou pelo nosso planeta e pelo nosso país (sim, eles viveram aqui também) há muitos milhões de anos. Milhões de anos! Pare e tente imaginar o que significa um milhão de anos. Se você, caro (possivelmente raro) leitor, tivesse a ventura de viver cem anos (o que não é realmente impossível) teria então de viver 10.000 (dez mil) vezes a sua vida de cem anos para perfazer aquele milhão de anos. Os dinossauros viveram, alguns, há cerca de 140 milhões de anos atrás!

Os dinos estão lá, no Ibirapuera. Alguns inteiros e em pé, a cabeça quase batendo no teto, a cauda se estendendo por metros e metros. Outros, voadores (ancestrais de aves voadoras) estão "planando" pelo amplo interior da oca, observando os visitantes, pensando (se forem carnívoros) quão apetitosos devem ser aquelas criaturas bípedes eretas, tão estranhas, que invadiram sua era aos montes. De alguns outros só sobrou o crânio, como um de Tyrannosaurus rex, cedido por um museu norte-americano e um outro de um crocodilo que viveu no Acre, o Purussaurus. O crânio deste, em exposição, é maior que o do Tyrannosaurus rex, que é considerado o maior de todos os dinossauros que existiram. De um outro dino, sobrou um osso petrificado de um dos membros posteriores, enorme. Os visitantes da exposição podem tocá-lo! E são convidados a fazê-lo. Ao tocá-lo, feche os olhos, sinta os séculos, as eras, o fluxo de energia indo do sol para o alimento e deste para a formação daquela animal fantástico. Ao tocá-lo, faça silêncio em sua mente e sinta as leis da matéria controlando a transformação da vida, durante eras sem fim, sinta a variação das formas da vida, sinta a história de luta de uma espécie vencida pelas leis inexoráveis da seleção natural, pelas leis que regem a vida e a morte sobre a Terra. Sinta o drama do confronto entre o novo e o velho, entre a mudança e a estabilidae (que é o motor da evolução da vida). Sinta o poder de um ser gigantesco, imbatível (mas batido!), que conquistou a Terra muito antes de pensarmos em conquistar o nosso passado. Eles, os dinos, também são parte de nosso passado e, pelos seus descendentes, parte de nosso presente.

Na exposição não há só dinos, há também esqueletos daquilo em que algumas subespécies deles se transformaram: aves! Fiquei impressionado com o esqueleto de uma ave - a Aepyornis - extinta há apenas 500 anos! Devia parecer-se, pelo que se pode conjeturar à partir de seu esqueleto, com o avestruz nosso conhecido. A Aepyornis foi a maior ave conhecida e não foi extinta por causas naturais, como seus ancestrais dinossauros, mas pela ação do ser (des)humano. E já que falamos na tranformação de dinos em aves, responda rápido: quem veio antes, as penas ou a galinha? Parece que foram as penas! Algumas linhas modernas de pesquisa, combinando achados fósseis com a biologia molecular, apontam para a possibilidade de as penas terem surgido nos dinossauros antes do aparecimento das aves sobre a Terra.

É uma questão de responsabilidade para pais, professores, diretores de escolas e educadores em geral, não perder, de forma alguma, essa oportunidade de levar as crianças ituanas (e de qualquer cidade num raio de uns 200 km da capital) para ver tão de perto um pedaço da história da vida. Para uma grande maioria, possivelmente, esta será a única oportunidade de entrar em contato com um acervo paleontológico dessa categoria. Na Europa e na América do Norte existem grandes museus de história natural, mas não é possível prever quando (se tanto) o Brasil terá um museu desse nível, com acervo próprio e fixo. Uma visita, monitorada ou não, a uma exposição como essa vale mais que um semestre inteiro de aulas de ciência em sala de aula. Quando estive lá, uma turma da APAE de São Paulo estava realizando uma visita monitorada (agendável, cf. telefone listado abaixo). Acho que lí outro dia, no Períscópio, que a APAE de Itu recebeu uma boa verba do governo federal...

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Serviço:

Exposição: Dinos na Oca - Esqueletos de dinossauros e outros registros fósseis
Local: Oca - Parque do Ibirapuera - Portão 2 - São Paulo
Funcionamento: de terça a domingo - das 9:00 às 21:00
Até: 30 de abril (fui informado que é possível uma prorrogação até maio, devido à grande procura)


Quanto custa:

Crianças até 2 anos: não pagam
Crianças até 12 anos, estudantes, professores e adultos acima de 60 anos: meia entrada (= R$10,00)
Ingresso Família- 2 adultos e 2 crianças até 12 anos: R$50,00
Outros adultos: R$20,00
Descontos de terça a sexta, das 9:00 às 17:00, para adultos e família
Terça e quarta: grátis para maiores de 65 anos e aposentados.

Site: www.dinosnaoca.com.br - lento para que tem conexão discada; o fone "fácil" de informações mencionado (400) ou não funciona ou está sempre ocupado.
Visitas Monitoradas: (11) 5575-4624, de segunda-feira a sexta-feira, das 8 às 18 horas

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Minhas dicas:


Mapa do Ibirapuera: http://www.prodam.sp.gov.br/ibira/m

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