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Publicado: Quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Xiísmo ecológico: sacolas plásticas

Quando a informação chega aos borbotões, por todas as mídias e de forma maciça, como as campanhas de conscientização em defesa do meio ambiente, qualquer cidadão que tenha acesso a ela pode ser educado. No entanto, é indispensável que um fator de ponderação seja aplicado para evitar o "xiismo ecológico", como no caso das sacolas plásticas.
 
Em nome dos estômagos das tartarugas, nos quais são encontrados fragmentos plásticos que levam à morte, ações de consumo sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA), de centenas de ongs e institutos visam a eliminar o emprego das sacolinhas.
 
Segundo dados de 2009, do Ministério do Meio Ambiente, são utilizadas no País, 12 bilhões de unidades anuais. A solução para o “mal” é, invariavelmente, sua substituição por “sacolas ecológicas” ou ecobags, feitas de algodão, lona ou plástico resistente retornável - todas, obviamente, compradas e muito bem pagas.
 
Em outra vertente encontram-se as ações voltadas a incentivar a população a separar os materiais recicláveis para a coleta seletiva, o plástico entre eles.
 
Especialistas do setor orientam que esses materiais devem ser acondicionados em caixas de papelão, ao invés das sacolas plásticas. Quanto ao lixo orgânico, sugerem a utilização dos sacos plásticos próprios para lixo, pois são produzidos a partir de material reciclado, o que não ocorre com os demais.
 
O fator de ponderação inexistente nas ações perpetradas pelos adeptos da causa ambiental é o que desconsidera a realidade brasileira na qual, segundo o IBGE, apenas 8,2% dos municípios são atendidos pelo serviço de coleta seletiva, o que torna irrisório o benefício de seu acondicionamento em caixas de papelão.
 
Além disso, embora destacado na reciclagem de alumínio - o Brasil ocupa a segunda posição mundial - o plástico ainda fica na dianteira do papelão, com 25%, enquanto aquele atinge 24%. Menos de 50% da produção nacional de papel ondulado ou papelão é reciclado atualmente, o que corresponde a cerca de 720 mil toneladas. O restante é jogado fora ou inutilizado.
 
Num país onde cada habitante produz a média de um quilo de lixo por dia, é inviável não utilizar embalagens plásticas para seu acondicionamento. Adquirir “sacos próprios para lixo” é abrir mão de uma aparente vantagem, a de “ganhar” a embalagem nos locais de compra de outros produtos.
 
No Rio de Janeiro, a lei estadual 5.502/2009 já obriga, desde agosto deste ano, os estabelecimentos comerciais a fazerem a substituição das sacolas plásticas por reutilizáveis. Em Jundiaí, São Paulo, a lei 7.210/2008, estabelece o uso, em todos os estabelecimentos comerciais, de embalagens 100% ecológicas, ou seja, biodegradáveis - à base de milho e mandioca - ou oxibiodegradáveis, com aditivos que aceleram o tempo de degradação do plástico ou retornáveis, como as sacolas de pano.
 
Conscientizar a população sobre o uso adequado e a destinação das embalagens, expandir as campanhas de separação de recicláveis e implantar coleta seletiva em todos os estados e municípios do País são ações indispensáveis para o desenvolvimento social e a preservação do meio ambiente.
 
Demonizar as sacolinhas de mil e uma utilidades é, no mínimo, criar uma cortina de fumaça para encobrir a falta de investimentos no setor ou a fomentação de novos negócios que atendem a outros interesses.
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