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Publicado: Segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Você já Levou seus Filhos ao Boliche?

Se ainda não levou, não sabe o que está perdendo!
Quando os meus nasceram, ouvia dizer que seria o melhor tempo como pai. Quando começarem a andar, seriam terríveis, iriam mexer em tudo, colocar o dedo em tomadas, pendurar-se em varal, colocar a mão em liquidificadores, fazer teste elétrico com pilhas....
Fizeram tudo isso e um pouco mais, mas foi algo maravilhoso.
 
Começaram a andar, então outros diziam que aproveitasse enquanto ainda eram crianças e andavam de mãos dadas com os pais, pois quando crescessem mais um pouco, báu-báu, não iriam querer ter um babá por perto.
 
Pois cresceram mais e fomos ao cinema, fomos às piscinas da vida, trabalhamos juntos algumas vezes, outras dormiram em meu colo, na volta para casa. Ainda crianças e já jovenzinhos, gostavam de ouvir, antes de dormir, minhas histórias e minhas estórias.
 
Apresentei-lhes João Valjean, de Victor Hugo; falei-lhes do Cristo; falei-lhes do bandido que salvou a aranha e a encontrou no purgatório; falei-lhes da fé de Jó; do Homem que Calculava, dos Reis Magos; das Bruxas; de Davi; de meu pai, e das coisas que ele me contava...  Adormeciam e acordavam, a cada dia mais mocinhos e donos do próprio querer.
 
Então, ouvia de terceiros: “Aproveita agora, pois logo batem as asas e "adeus quimera", só terão tempo para as namoradas e para os "da idade deles"”. Cresceram, tornaram-se homens feitos! A vida lhes está ensinando, na prática, o que só tive tempo para lhes ensinar na teoria, em meus contos, que procurei rechear com o meu mais puro afeto. Uns, parte de minha experiência viva, outros parte de minha imaginação e da imaginação de outrem.
 
Penso que pelo menos eles têm uma indicação do caminho. Carregam, no embornal de viajantes universais, algumas plaquetas indicativas que, espero, lhes conduzirá ao porto seguro.
 
Ouço, agora, que logo estarão casados e voltados para o dia-a-dia, não terão paciência para conversas do passado, que o papo será outro, que as esposas e os filhos lhes roubarão todo o tempo.
 
Faço ouvidos moucos e os levo almoçar, jantar, ao cinema, ao shopping, ao aeroporto, ao boliche. Se você não levou seus filhos ao boliche, leve! Não deixe passar em branco esta parte tão importante da vida de uma mãe ou de um pai. Entre uma "bola na canaleta" e um "strike", temos tempo para falar um com o outro. Concordamos, discordamos, discutimos, trocamos nossas alegrias e tristezas.
 
Como o espaço é pequeno, aprendemos a ficar próximos e dividir nossas limitações. Temos tempo para ser humanos, para descobrir que, por melhor que estejamos, sempre uma "canaleta" nos espera e, por pior que sejamos, sempre haverá um "strike" para comemorarmos, nos mostrando que a humildade e a paciência nos torna, também, vitoriosos.
 
A alegria contagiante das pessoas se abraçando, saltando, gritando, comemorando, expressando a amizade e o amor fraterno, nos empurra para isso.
Como ficarmos chateados?
 
Todos que ali estão são exemplos vivos de erros e acertos, de "canaletas" e "strikes"; são exemplos vivos de como é a vida; de como é a nossa vida! Aliás, nos deixa claro que é feita muito mais de tentativas do que de acertos. Nossos filhos também vêem isso e constroem suas próprias histórias e estórias
 
Leve-os ao boliche! Todo dia é um bom dia.
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