Viva o poder das quatro patas! II
Perdida entre linhas de um texto profundo, ao qual escrevia sem parar, viajava por minhas memórias e nem percebia o tempo passar. Enquanto meu foco se mantinha na tela brilhante, algo se mexia devagar em minha direção e aos poucos ia chegando mais perto. Seu rabo fino e comprido sacolejava de um lado para o outro, quase hipnotizava pela sutileza. Como em uma passarela de moda, seu andar era curiosamente encantador e ao mesmo tempo repleto de destreza felina. Cheio de preguiça no olhar, nem sequer parou para observar melhor. Deu um pequeno pulo e logo estava se aconchegando ao meu lado.
Completamente distraída, me peguei pensando em nossas brincadeiras, enquanto deslizava minha mão sobre seus pêlos macios. De olhos já fechados, patas esticadas para o lado e um ronronar delicioso, ele se aproveitava de cada segundo de carinho. Só depois de alguns minutos consegui voltar a me preocupar com a tarefa anterior, mas agora já me sentia preenchida por um sentimento maior, um conforto na alma que só quem teve, tem ou ainda terá um gatinho de companhia saberá explicar.
E assim, numa noite fatídica de estudos ele fez a diferença para mim. Não exigiu nada, chegou de mansinho trazendo sua habilidosa amizade. Transformou um momento de estresse em relaxamento, como se dissesse sem palavras que de vez em quando é preciso dar uma pausa na rotina para viver à fundo cada sentimento.
Será que ainda existe alguém que não conheça a sabedoria de um gato?