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Publicado: Sexta-feira, 4 de maio de 2012

Viva o Brega!!!

“...Ex my love, ex my love, se botar teu amor na vitrine, nem vai valer 1,99...”.
O tecnobrega já era febre na região Norte do Brasil, quando Gaby Amarantos embarcou na nave global de “Cheias de Charme”, folhetim das 19 horas.

Resultado: a febre virou epidemia nacional, abarcando gêneros similares e ressuscitando outros. Dança, acessórios e vestuários espalhafatosos e multicoloridos acompanham a receita do sucesso.
 
Em “Cheias de Charme”, o canastrão e breguíssimo Fabian, cantor lançado ao estrelato por Chayene, rainha do eletroforró que ganhou fama com o hit Xote da Brabuleta, é uma versão de Odair José, que nos anos 70 ficou conhecido como o cantor mais querido das empregadas domésticas. Para quem não se lembra, era aquele artista dramático que se atirava em prantos ao chão, gritando: “Obrigado minhas fãs! Obrigado minhas fãs”!
 
Casas noturnas em São Paulo apresentam eventos para até dois mil participantes de cada vez, embalados por Rodrigo Xuxa, que virou hit na web após postar ensaios fotográficos caracterizado de Xuxa, Kely Key – ex do cantor Latino - e sua inconfundível “Baba Baby”, a funkeira Tati Quebra Barraco, Gretchen - a rainha do bumbum - e Rita Cadillac – a mesma dos tempos do Chacrinha.
 
O gênero apelidado de tecnobrega já foi trash, tosco e associado ao amadorismo, má qualidade e mau gosto. O que se chama de bom ou mau gosto passa por um julgamento estético pessoal. No caso em questão, de uma elite intelectualizada que se baseia no conceito de capital cultura simbólico, manifestado pelo conhecimento acumulado através de uma boa formação escolar e pelo convívio com os elementos culturais valorizados por ela. O que não é aceito é considerado capital subcultural, uma forma de distinção pejorativa atribuída a um estrato social de menor poder aquisitivo.
 
O que se nota além de quaisquer intelectualizações é que a tecnobreguice arrastou gente de todas as tribos que rebola, canta, chacoalha  e se “aformoseia” com adornos impensáveis para qualquer casta, até recentemente.
 
É possível que a mesmice do mercado fonográfico brasileiro tenha desencadeado uma rebelião, que colocou no mesmo patamar a nata da cultura e o leite tipo C.  O fato de que os novos artistas se pareçam tanto uns com os outros e o inglório esforço de empresários e gravadoras para os elevar à condição de astros, serviu de combustível para algo que se não é novo, pelo menos utiliza uma embalagem arrebatadora.
 
Sendo assim, viva o brega!
 
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