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Publicado: Terça-feira, 24 de agosto de 2010

Viajei e não voltei mais

Esta semana um grande amigo meu embarcou para uma viagem genial.

Mestre de Aikido, artista do Sumi-E, educador por fé e por realização, arquiteto por formação, o Zé se apaixonou por andar de bicicleta. Vou chamá-lo de Zé porque é esse o nome dele mesmo. E ele resolveu juntar tudo, porque se sobrou algo da formação dele de arquiteto, foi, como ele mesmo define, a arte da fazer pontes e unir as coisas. Foi pra Europa pra viajar de bicicleta, desenhando tudo que visse pelo caminho e treinando Aikido em todos os Dojos que cruzasse pelo caminho. Tá lá agora mesmo.

Mas o que me fez pensar foi que eu quase disse pra ele: Até a volta! Mas aí eu percebi que esta frase é péssima. Eu adoro viajar, mas sempre tenho a sensação de que não volto nunca. Uma viagem é muito mais do que a dimensão espacial. Viajar não é conhecer outro lugar ou pessoas diferentes. É mergulhar em uma nova realidade e permitir que ela mergulhe em você e altere, eterna e profundamente, quem você é. E assim, por consequência, altere a maneira como você vê o mundo.

No final de uma viagem, não voltamos. Seguimos. Mesmo que espacialmente retornemos para o lugar de partida, ele já será outro, pois nós seremos outro. Veremos as coisas com olhar diferente. Sentiremos as coisas de outra forma. Quando voltamos, não voltamos. Seguimos indo pra frente, transformados, carregando também aquela experiência que vivemos. Uma viagem não deve ser vivida como uma pausa na vida pra descansar. A vida não deve ser vivida assim. Uma viagem é sequência, como é o retorno após ela. Cada um deles, momentos com grande força pra transformar.

O budhismo diz que cada acordar é um renascer. Que cada segundo pode ser um acordar. Uma viagem é um grande momento para cultivar a consciência de que podemos e devemos viver renascendo, se transformando a cada segundo. E isto não tem volta. É um caminho sempre adiante. Com altos e baixos, mas sempre seguindo.

A experiência de viajar não pode servir para destacar o quanto a rotina é sem graça e outro lugar é maravilhoso. Ela deve sevir para te enriquecer e permitir que você torne sua rotina cada vez mais rica. Há uma frase conhecida que escutei hoje de um grande amigo, Cris: “Não sou eu que faço a viagem. É a viagem que me faz!” Ele que, óbvio, conheci em uma viagem e que, agora mesmo, está no avião.

Eu adoro viajar e, confesso, sou meio viciado nisso. Mas meu fascínio por viajar não é apenas por conhecer lugares novos, povos diferentes e pessoas que me surpreendam. Meu fascínio em viajar é conhecer um Marcio novo, diferente e que me surpreenda.

Se quiser conhecer o Zé: http://www.zerobueno.blogspot.com/
Se quiser conhecer o Cris: http://www.diveadventures.com.br/
...e se quiser conhecer meu blog: http://marciosvartman.blogspot.com/

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