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Publicado: Sábado, 8 de março de 2008

Velho Novo Mundo

Não se trata nem da Europa, nem da América. O velho mundo de que eu estou falando é aquele que ficou nas recordações do passado. Bem antigamente se dizia com freqüência que recordar é viver duas vezes. Nesse tempo não existia luz elétrica, telefone, rádio, transporte motorizado e assim por diante.
 
A poesia devia impregnar o ambiente e a vida decorreria em absoluta simplicidade, onde encontros nas igrejas, teatros e saraus se transformariam no clímax da época. Pois bem: esse velho mundo para quem teve o ensejo de ter vida normal, deveria permitir excelentes lembranças, integrando o indelével patrimônio que constitui a felicidade, visualizadas e vivificadas na memória, então na forma analógica, inelutavelmente correspondendo a reviver. Até meados do século passado ou pouco mais, ainda era viável o recordar é viver duas vezes.
 
Hoje, essa mesma citação raramente é mencionada, pois significa absoluta perda de tempo. O homem e a mulher contemporâneos se encontram totalmente empenhados na competitividade que não lhes permitem outra coisa, se não viver intensamente.
 
A mulher, de modo especial, com a surpreendente arrancada de total emancipação (o que atrapalha muito é ter se originado da costela de Adão), possivelmente sairá vencedora, pois fibra e garra não lhe faltam (o que atrapalha ainda, e muito, é a beleza dela, pois seduz o homem, preferindo, então, ser mãe, esquecendo-se da emancipação).
 
Na exuberância tecnológica do progresso, retratos ou fotografias foram abolidos e a nova onda são maquininhas que acompanham quase todos nos diversos eventos. Então, surgem pequenos flashes por todos os lados e as centenas de fotos tiradas precisam ser vistas em computador ou na tv.
 
Conclusão: a coisa torna-se bem mais complicada para os idosos, que precisam encontrar os fios para conexão, a tomada, etc. e, nas cidades, fecham-se lojas, pontos de revelação de fotografias. Ainda não gravei em CD para uso próprio, embora já tenha remetido um, para filho que vive no exterior.
 
O recordar, portanto, pode ser facilitado com as novas técnicas, as fotografias arquivadas no computador e posteriormente em CDS. Todavia, tais procedimentos, parecem não ter o charme das fotografias impressas. São os novos costumes de que os jovens de hoje só irão reclamar quando chegarem ao amanhã de suas vidas, aonde outras técnicas, sem dúvida, virão a aparecer.
 
O novo mundo, convém ainda salientar, deixa de ser retratado na forma da poesia tradicional. A poesia moderna, em sua maioria, é constituída por versos brancos, a chamada prosa poética. Raros são os vates que utilizam a forma clássica de poetar. O fato é que as antigas gerações, precisam aceitar as novas regras que vão surgindo, apoiando-se, para simplificar e acatar, em outro velho ditado: os incomodados é que se retirem.
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