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Publicado: Quarta-feira, 5 de abril de 2017

Varanda da Saudade

Varanda da Saudade

Penso que agora estou começando a gostar do meu novo endereço. Já escrevi sobre minha outra casa. Espaçosa, salas e quartos enormes, quintal, piscina, plantas, roseiras, e tudo mais...

Pergunto: Para que? Só para juntar coisas e guardar velharias.

Toda mudança cobra um alto preço emocional. Antes de se tomar uma decisão importante, e durante a tomada, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. Temos medo do desconhecido. Chora-se muito.

A nossa mudança foi de uma casa enorme para uma casa menor. Conclusão: Tivemos que vender e doar a metade dos móveis e desfazer-se de muitas tranqueiras. Nem é preciso dizer que fizemos tudo isso com angústia.

Quando olho todas as louças, cristais, porcelanas, que foram presentes de casamento e muitas outras peças que foram herança de minhas avós e de minha mãe (que as conservo com carinho), penso o quanto nos apegamos a essas coisas. Vidros, louças, cristais, ora os cristais! Na sua fragilidade, uns permanecem, outros se quebram... e quando isso se dá chegamos até a chorar. Que desperdício de lágrimas! Quanto valor sentimental! Os cristais se vão, mas o que realmente importa são as pessoas, e estas quando se vão deixam um enorme vazio.

Muito aprendi com minhas avós e com a minha mãe. Hoje, trago comigo as lições que hão de ficar para sempre, alguns objetos da velha casa da “nona”, como o ferro de passar roupa e, o caldeirão de ferro pesado. Trago tudo isso com uma lembrança forte, mesclada de saudade.

Mas, voltando à minha nova casa, outro dia descobri uma coincidência feliz e gostosa. Sentada na varanda e de frente para a rua, bem ao meu alcance, visualizei um enorme pé de abacate, com uma carga generosa de frutos. Logo ao lado uma mangueira com frutas amarelinhas.

Ao longo da alameda muitos pés de pitangas, amora, ameixa, acerola, laranja e goiaba. Tudo isso misturado com flores e primaveras de várias cores e perfumes. E foi a correria da mudança que não me permitiu ver essas maravilhas antes.

Sempre tive comigo a certeza de que todas as ruas e estradas do mundo deviam ser plantadas árvores frutíferas. É bom para os olhos e para a degustação.

Como se só isso não bastasse, ainda vejo os pássaros se deliciando ao desfrutar das frutas que guarnecem todas as ruas desta nova moradia.

Pois é. De repente descubro que sou privilegiada com toda essa sinfonia da natureza ao meu alcance, podendo assistir a estes espetáculos diariamente.

Estes espetáculos nos fazem recuperar a tranquilidade e a serenidade para podermos parar e nos encantarmos, novamente com a beleza das “florzinhas” e dos “frutos” que enfeitam o caminho lá de casa.

A nossa nova casa, embora menor, estará sempre aberta aos amigos; estes sim que enfeitam nossa vida com suas amizades.

Sejam bem vindos ao reino encantado das frutas e das flores...

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no brilho do olhar que se percebe a tal da juventude eterna.


Ditinha Schanoski

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