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Publicado: Sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Unidade na diversidade

Uma das características humanas que chama a nossa atenção é a diferença. Somos todos diferentes. A verdade é que somos únicos e irrepetíveis, frutos de projetos exclusivos. Isso é uma riqueza, tanto para o próprio indivíduo como para a humanidade. Que pobreza se fôssemos todos iguais!

Entretanto, nossas diferenças são responsáveis por muitas das dificuldades que encontramos, sobretudo nos nossos relacionamentos, nas nossas convivências sociais, profissionais, religiosas, mas principalmente nas mais íntimas, as familiares.

Parece que cada dia se acentuam as diferenças e as intolerâncias. Demonstramos em relação a elas sentimentos como a inveja, o desprezo, a admiração, a raiva, a discriminação...

Evitamos, consciente ou inconscientemente aqueles ou aquelas que são muito diferentes, até porque temos muita dificuldade em aceitar as diferenças; gostaríamos de mudar, principalmente os outros, na esperança de facilitar nossa vida. Mas, como mudar a nós próprios e as pessoas é algo extremamente difícil, muito mais fácil é aceitar-nos como somos, aceitar o outro como ele é, aceitar as diferenças, aprendendo a conviver com elas; assim nossa vida ganha em qualidade e nossas relações interpessoais se tornam mais agradáveis.

Diante da diversidade humana, o grande desafio é alcançar uma convivência pacífica, compartilhada, fraterna, permitindo nossa realização e nossa felicidade. Talentos, aptidões, habilidades, temperamentos, encontros e desencontros, limites... precisamos somar diferenças, impedindo que elas sejam motivos de divisões, conflitos, decepções.

Muitos casamentos se desfazem pela incapacidade de conviver com as diferenças que se transformam em incompatibilidades e afastamentos.

O grande desafio não é igualar as pessoas, mas construir a unidade na diversidade. Uma só carne é a base da união conjugal. O homem e a mulher devem formar uma unidade, a família é uma unidade, as instituições deveriam buscar a unidade, a Igreja é uma unidade, a nação deveria formar uma unidade...

É claro que isso não é fácil, mas precisa ser buscado; precisamos ser educados desde cedo para que possamos construir unidades, para aprendermos a lidar com nossas diferenças de modo racional, inteligente, pacífico e tolerante. Temos que ter sempre em mente que as diferenças não nos tornam melhores ou piores que os outros e que elas não podem comprometer nossos direitos e nossa dignidade.

Unidade significa comunhão fraterna e justa...

Unidade significa que todos somos irmãos, filhos do mesmo Pai...

Unidade não significa padronização, querer que todos sejam iguais a nós, com as mesmas
qualidades e defeitos; antes pressupõe respeitar e aceitar os outros como eles são, exercitando a paciência, a compreensão, a caridade. Precisamos compartilhar nossos dons e nossos talentos com os dons e talentos dos outros, fazendo crescer no nosso convívio a colaboração, a parceria, a confiança e o melhor aproveitamento dos potenciais.

Na família, o assunto unidade ganha uma dimensão extraordinária, uma grande importância. Aqui as coisas acabam sendo mais complicadas, graças ao estreito convívio, à intimidade.

A assistente social Cleusa Thewes, ensina que precisamos ser corajosos, coerentes e verdadeiros, acolhendo as diferenças nos relacionamentos. Lembra ainda que o compasso marcado pelas diferenças individuais compõe a história de cada um, deixando rastros de ousadia e persistência nos convívios da vida. E que é preciso, portanto, nos apropriarmos das diferenças como oportunidade de enriquecimento, e não como caminho para o distanciamento.

Por fim, deixa alguns conselhos: evitar acusações moralistas, excluir críticas e julgamentos, confiar nas habilidades dos outros e ter em mente que as diferenças são o tempero do relacionamento.

Lembremos-nos do que diz São Paulo: “Há diversidade de dons, mas um só Espírito.” (1Cor 12, 4)

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