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Publicado: Domingo, 12 de janeiro de 2014

#umagradecimentopordia

 #umagradecimentopordia
Hashtag #umagradecimentopordia no Facebook

Vou contar uma história. 

Já faz tempo que tenho o hábito de agradecer. Troquei os pedidos pela gratidão. Tenho treinado meu olhar para perceber o que recebo da vida, seja os lindos presentes embrulhados com fita colorida, como amizades, amor de família, saúde, realizações e dinheiro, como também aqueles envolvidos em papel jornal, que sujam a mão e mais se parecem com um trambolho incômodo em preto e branco. 

Desde que comecei a praticar as Danças Circulares Sagradas, em 2008, este hábito se intensificou de tal forma que hoje acredito que minhas células agradecem todos os dias por estarem vivas e saudáveis. Esta é só uma introdução pra contar a minha história. 

Tudo começou num dia igual a todos os outros, mas único porque eu fiz algo diferente. Afinal, o que diferencia um dia do outro não seria realmente a qualidade e intenção que colocamos nele? Enfim, neste dia, já era de noite, e eu estava contemplando meu mural do Facebook quando me deu um estalo e resolvi que compartilharia o meu agradecimento. Arrisquei, confesso que bastante envergonhada, o meu primeiro #umagradecimentopordia. Estávamos em 06 de outubro de 2010. 

Agradecer em silêncio, como uma oração solitária, tem grande valor e força. A mudança de perspectiva me trazia novas possibilidades e desafios: o olhar dos outros, a interferência positiva ou negativa, a exposição a comentários e críticas.

Não sei exatamente o que me levou a fazer isso. Talvez o desejo misterioso de que uma simples atitude mude o mundo. Nossa pequena humanidade tem desses caprichos sonháticos e pretensiosos. Talvez tenha sido uma gratidão transbordante que não cabia em mim naquele momento e pediu para ganhar voz. Ou quem sabe - e talvez principalmente - a esperança de ver um mundo melhor, onde as pessoas contemplam, semeiam e compartilham suas realizações, alegrias, sonhos, aprendizados, prazeres e verdades. Um mundo espelhado na contramão da grande massa midiática que insiste em propagar tragédia, violência, corrupção e desesperança. 

Pra falar bem a verdade, não tenho paciência para padrões de comportamento inspirados nas lamúrias e críticas. Tenho esta briga comigo sempre que me vejo no insustentável lugar do "coitadinha de mim". Simplesmente porque não acredito que este canto do meu ser seja fértil, prefiro regar meus quartos de aprendizagem, que estão sempre onde está o meu poder de compreender e transformar. Busco incessantemente guiar meus passos nesta boa estrada, nem sempre consigo, mas nunca desisto de tentar. 

Sei lá... Acho que foi tudo isso junto, misturado difusamente a uma boa dose de otimismo que felizmente a vida me deu, aliado à simples constatação: Por onde começar se não por mim mesma? É....foi assim... 

Então agradeci "À família maravilhosa que eu tenho." Foi o primeiro. Gostei! Um comentário aqui, outro ali, algumas pessoas curtindo. E segui agradecendo, sempre de noite, atenta ao meu dia, iluminando os momentos, amplificando a presença, o olhar acordado, colecionando emoções em forma de estrelas. 

Esta prática se tornou um ritual, uma espécie de "pause" no cotidiano para registrar publicamente o que no meu dia realmente teve significado. Percebi que quanto mais agradecia, mais tinha a agradecer. Escolher o mais importante e as palavras certas que traduziam cada percepção fazia parte desse momento especial. 

Não nego que durante estes três anos houve períodos difíceis, quando sentar e agradecer era forçosamente delicado. Sempre preferi o arco-íris em vez da chuva, mas sei que ele precisa dela para existir. Nas noites escuras da alma eu procurava a sutileza dos aprendizados que me chegavam pela estrada da dor. Embora eu prefira aprender pelo amor. 

Com o tempo, mais pessoas curtiam e acompanhavam. Três amigas começaram a agradecer também, inspiradas neste exemplo. Ao longo dos anos chegaram outros que espontaneamente começavam. Alguns me pediam permissão, outros me avisavam e em alguns casos eu só percebia casualmente, sem aviso prévio. Tive surpresas do tipo "não durmo sem ler o seu agradecimento do dia". 

Fui percebendo que este ato inicialmente solitário protagonizava uma voz coletiva de humanidade. A profundidade se esconde no simples, vestida de singeleza, como o mar azul que guarda tantos segredos em suas águas profundas. 

A história continua e a melhor parte vem agora: nos últimos dias de 2013 (precisamente em 29 de dezembro) me alegrei ao ver um agradecimento por dia de uma pessoa que eu nem conhecia. Esta surpresa me fez publicar um post no meu mural comentando sobre isso. Daí pra frente, nem sei mais explicar. As melhores coisas da vida fogem mesmo a qualquer explicação! Só sei que vivenciei a força da rede quando começou a pipocar gente de tudo quanto é lado comentando, se inspirando e agradecendo. Uma verdadeira tribo de diversidade, unida pela hashtag #umagradecimentopordia. Muito mais do que isso, na verdade: conectados pela escolha de como olhar e expressar a vida. 

Curioso ver a criatividade, variações com vídeos, fotos, frases curtas, parágrafos inteiros, enfim, cada um à sua maneira.... Somos personagens de romance, aventura, drama, comédia. A vida de cada um é uma verdadeira saga que merece ser contada.

No final do dia tenho passeado por esses agradecimentos e me encanto com a coragem, beleza, amorosidade, humor e inteligência de cada pessoa. "Aqui foi feito uma coisa boa!", penso eu. 

#umagradecimentopordia: compartilhar uma bela história!


ESTA HISTÓRIA VIROU UMA FUNPAGE NO FACEBOOK, INAUGURADA EM 12 DE JANEIRO DE 2014,  PARA QUE TODOS POSSAM AGRADECER FAZENDO PARTE DE UMA COMUNIDADE. CONHEÇA! 

ESTA HISTÓRIA TAMBÉM VALEU UMA APRESENTAÇAO NO TEDxJARDINS, EM 30/01/2014, EM SÃO PAULO. SAIBA MAIS!

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